O projeto de restauração integral do "Correíllo de La Palma", um projeto cultural de salvação de um navio carregado de história e um exemplo de como recuperar nosso legado histórico naval

O emblemático transporte marítimo entre as ilhas canarias, segue adiante comandado pela Fundação Correíllo La Palma, que preside o prático de Tenerife, Juan Pedro Morales Chacón, com a colaboração da Autoridade Portuária, o cabildo de Tenerife e outras instituições privadas e públicas. Durante o ano de 2016 iniciaram-se as visitas guiadas de grupos que querem conhecer o interior do navio que no seu dia pertenceu à frota da Companhia Transmediterrânica. Para o próximo ano, uma vez a nave em seu novo atraque no porto tinerfeño, a Fundação espera aumentar significativamente as visitas individuais e coletivas, tanto no porto de Tenerife como nos portos canários cujas visitas serão agendadas no futuro. O objetivo é mostrar o navio a um milhão de pessoas durante o ano de 2017.

O Correíllo La Palma podia atingir uma velocidade de 11 nós e levar até 196 passageiros, bem como uma tripulação de meio centena de membros. Foi construído graças aos melhores avanços tecnológicos do momento e, assim, possuía capacete de aço remachado, dois cobertas e uma hélice. Apesar de suas dimensões mais pequenas, seu design era semelhante ao Titanic. Foi militarizado durante a Guerra Civil, embora depois de sua conclusão, voltou a cobrir as rotas interinsulares. Ao longo de sua história, foi submetido a obras para alcançar velocidades maiores, mas em 1976 foi retirado do serviço. Um ano depois, foi adquirido por Jürgen Flick para convertê-lo em cassino e restaurante flutuante, mas um problema legal malgrou seus planos. Em 1985, antes de vendê-lo para desguace, foi oferecido à Prefeitura de Las Palmas de Gran Canaria gratuitamente, mas nunca recebeu nenhuma resposta. Mais tarde foi oferecido ao Cabildo de Tenerife que aceitou assumir o navio, já que desejava transformá-lo em um museu de navegação canario. Em 1986, El Correíllo La Palma chegou ao Porto de Santa Cruz de Tenerife, onde ainda hoje permanece, sobrevivendo ao passo dos anos graças ao inestimável trabalho da Fundação Canária criada para tal propósito. Ontem, este navio, coetáneo do Titanic, soprou 104 velas. Centenas de pessoas o visitam todos os anos, embora a sua restauração não tenha sido concluída e isso demonstra que, como gosta de pensar em Damián García, a história da navegação canaria, longe de se perder, encontra-se à ordem do dia.

http://www.correillolapalma.com/