
Os portos púnico-romanos de Cartago a oitava maravilha do Mundo Antigüo
Os portos púnico-romanos de Cartago a oitava maravilha do Mundo Antigüo
A lendária Cartago localizada na atual capital da Tunísia foi uma das cidades-estado mais importantes da antiguidade. Fundada pelos fenícios, teve por seus maiores inimigos aos romanos, aos quais se disputaram o domínio no Mediterrâneo, o que provocou entre eles três grande guerras conhecidas como as Guerras Púnicas, que tiveram finalmente a vitória esmagada de Roma que se fez com o comando marítimo no Mare Nostum, até então em poder dos cartagineses. Não é segredo que até que estes confrontos bélicos ocorreram entre os dois poderes do mundo conhecido, os romanos estavam em plena desvantagem com Cartago no tema marítimo, e um dos grandes exemplos deles eram os espetaculares Portos de Cartago, que perfeitamente poderiam ter a etiqueta de "a oitava maravilha do Mundo Antigo".
Ficavam situados muito perto do fórum cartaginês e atualmente ficam duas pequenas lagoas como testemunho de seu esplendor: "O Cothou" apontado por uma depressão circular de cerca de 1200 metros de diâmetro era o Porto Militar de Cartago... no centro tem um islote que mede 106 metros de diâmetro e que está ligado com terra por um caminho de 9,60 metros de largura. Dizem as crônicas que no centro do islote se encontrava o pavilhão do almirante e que nesse porto podiam abrigar 120 desçais, encontrando em suas caletas os arsenais. O Porto Comercial de Cartago tinha forma retangular, que comunicava por uma estreita "goleta" com o "El Cothou" tendo uma largura de cerca de 70 piés romanos. Atualmente ambos os portos ocupam uma extensão de 14 hectares, e ainda podem se reconhecer cais romanos com um comprimento de cerca de 400 metros. Junto à boca dos portos ainda se pode dintiguir uma escollera, construída por Escipion para fechar em plena guerra as entradas a ambas as instalações. Na época de Justiniano, os Portos de Cartago se chamaram de "Mandracium" e Salomão governador romano da província fez construir junto a ele um mosteiro fortificado.
Texto de Apiano (1) sobre os portos de Cartago
«Os portos de Cartago estavam dispostos de tal modo que os navios podiam passar de um a outro; acederam do mar por uma entrada de cerca de 21 metros de largura, a qual se cerrava com uma cadeia de ferro. O primeiro porto, reservado aos mercantes, estava provido de numerosos e variados amarres. No meio do porto interior havia uma ilha. A ilha e o porto estavam bordados por grandes cais. Ao longo destes cais havia hangares, que podiam abrigar 220 navios de guerra, e sobre os hangares se elevavam armazéns para os aparelhos. Diante de cada hangar se elevavam duas colunas jônicas, que davam à circunferência do porto e da ilha o aspecto de pórtico. Na ilha construiu-se um pavilhão para o almirante e dessa construção partiam os sinais das trombetas e as chamadas dos heraldos. Desde aí, o almirante exercia sua vigilância. A ilha estava situada em frente da entrada e encontrava-se a maior altura: assim o almirante via o que acontecia no mar, enquanto os que chegavam de além não podiam distinguir claramente o interior do porto. Os arsenais eram invisíveis mesmo para os navios mercantes: eles estavam rodeados de um muro duplo e dotados de portas, as quais permitiam aos mercantes passar do primeiro porto à cidade, sem que pudessem atravessar os arsenais".
(1) Natural de Alexandria, ocupou altos cargos como funcionário no Egito na época de Antonino Pio (siglo II d.C.). Desempenhou diversos cargos administrativos em Alexandria, depois exerceu como advogado e terminou sua carreira como procurador do imperador Antonino Pio. Escreveu uma extensa história de Roma de 24 tomos, que abrange desde sua fundação até a morte de Trajano.
Manuel Pedro Seoane, Presidente da Associação Hermérico
© 2024 Nautica Digital Europe - www.nauticadigital.eu