Vigo protagonizou a maior gesta marítima da Guerra da Independência

Vigo protagonizou a maior gesta marítima da Guerra da Independência

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(La bandera del Atlas está actualmente expuesta en el Museo Naval de Madrid, y es cuando menos sorprendente que no se haga referencia explícita al hecho histórico (uno de los más relevantes a nivel marítimo de la Guerra de la Independencia) en el cual hombres en gran parte de la Casa Armadora de Marcó del Pont y por otra parte patriotas vigueses, fueron los únicos artífices de la histórica gesta. Este barco de doble puente, que había sido construido en Cartagena por el sistema inglés o de Jorge Juan era botado en 1754 con el nombre de “San José”. Una vez capturado en Vigo pasó a formar parte de la flota de Brigadier Salcedo con el nombre de “Atlante”. Fue desguazado en 1817).

A bandeira do Atlas está atualmente exposta no Museu Naval de Madrid, e é surpreendente que não se faça referência explícita ao fato histórico no qual homens em grande parte da Casa Armadora de Vigo propriedade de Marcó del Pont apoiados portugueses, foram os únicos artífices da histórica gesta (Foto Associação Hermérico, Exposição Galegos e Catalans)

Conhecidos os antecedentes, não deve surpreender, embora nos cause admiração pelo urso do caso, a captura de um navio francês em plena Baía de Vigo, pelos nossos marinheiros. O fato foi assim: Em um dos dias do mês de julho de 1808, fondeou na Baía de Vigo o navio de guerra “Atlas”, de 74 canhões e que já em 1805 havia estado em Vigo, após o combate de Finisterre, formando parte da esquadra combinada franco-espanhola mandada pelo Almirante Villeneuve. Saúdo à praça, que já acreditava em poder das tropas de Napoleão, e pouco tempo depois foi cercado por várias lanchas armadas e tripuladas por marinheiros destas ribeiras, que formavam as forças sutis criadas por ocasião da guerra com a Inglaterra. Não recelaram os tripulantes do navio francês, pois, como digo, acreditavam que Vigo estava em poder do imperador, e deixaram aproximar as pequenas embarcações, soubendo-as em são de paz e que, sem dúvida, iam saudar-lhes. E assim lhes foi fácil aos corajosos marinheiros vigueses subir a bordo do navio e dominar a dotação do navio, a qual, cogida por surpresa, mal pôde opor resistência. A bandeira do Atlas foi enviada pelos nossos paisanos para a Junta Suprema de Sevilha, e depois passou para o Museu Naval de Madrid...

Este texto é íntegro de Avelino Rodríguez Elias, lido na sua Conferência "La Marina de Vigo através de uma vintena de séculos", que teve lugar no desaparecido Recreo-Liceo de Vigo em 25 de novembro de 1924. Avelino Rodríguez Elias era Cronista Oficial de Vigo, membro da Real Academia Galega, da Academia de Ciências de Portugal e do Instituto Histórico do Minho. A história divulgada nos últimos anos por meios até mesmo de implatação e distribuição nacional, caso do ABC, foi retirada do baúl das lembranças pela Associação Hermérico que organizou a Exposição Galegos e Catalanes, que se celebrou em Vigo em 2008. O início deste trabalho de pesquisa remonta nos preparativos da citada amostra no outono de 2007, quando cai nas mãos da Associação, o comento original da citada conferência de Elias em 1924. O imediato foi o meu deslocamento para Madrid como presidente de Hermérico solicitando uma entrevista com o Almirante da Marinha que então previa o Patronato do Museu. O acolhimento deste alto comando da Marinha Espanhola foi cordialíssimo e mostrou-me a ansiada bandeira e até me permitiu que lhe expuser o que deveria ser colocado uma placa ao lado da peça que refletisse a gesta viguesa... A meu pedido de trazer a “bandeira do Atlas” a Vigo mostrou-se contra e disse-me textualmente: “Como você pode observar está em um estado precária dado sua antiguedade... pense que o próprio Napoleão se entregou pessoalmente ao navio... não é que tenha inconveniente cedérsela para a exposição... mas é provável que se destroça na viagem a Vigo”. No ano passado, a Associação Hermérico solicitou oficialmente ao prefeito de Vigo Abel Caballero, que realizasse as diligências pertinentes para que a bandeira passasse a estar exposta no Museu do Mar de Vigo, pois entende que foi o povo de Vigo, que sem outra ajuda conseguiu apertar o Atlas.

Está expuesta en el Museo Naval de Madrid y es la única águila napoleónica marítima que puede verse en un museo público en el mundo

Está exposta no Museu Naval de Madrid e é a única águia napoleônica marítima que pode ser vista em um museu no mundo

O Atlas, um navio com duas cobertas e 74 canhões
Construído em Cartagena pelo sistema inglês ou de Jorge Juan, segundo uma ordem de 11 de março de 1752, projetado por Edward Bryant. O nome religioso de "San José", segundo vários listados, embora em outros se diz que era "San Pedro Apóstolo". Botado em 1754. Em agosto de 1757 é ordenado que se forre sua quilla. Em novembro de 1758 é alistado e posto ao comando do capitão de navio don Francisco Javier Everardo Tilly. Em dezembro de 1758, mandado pelo capitão de navio Tilly, é comissário, após substituir o Triunfante na missão, para fazer corso pela costa de Levante contra os navios corsários argelinos. No final de março de 1760 encontra-se na base de Cartagena. Em setembro começa com a fragata Perla uma missão de corso pelas costas da Catalunha. Em 1770 é colocado no comando do recém-ascendido a capitão de navio don Francisco Hidalgo de Cisneros e Ceijas e forma divisão com as fragatas Indústria e Liebre e a urca Monserrat, com as que cruza o Atlântico, passa o cabo de Hornos e chega às costas do Chile e Peru. Incorporado à esquadra de dom José de Mazarredo, encontrou-se em Cádiz bloqueado pela esquadra britânica de John Jervis. Estava no comando de dom José Manuel de Villena. Em 6 de fevereiro de 1798 zarpa de Cádiz com a esquadra formada por 22 navios, 4 fragatas e 3 bergantines em perseguição de nove navios britânicos. Em 1801 é transferido para a Marinha francesa e renomeada l’Atlas. Por causa dos acontecimentos de 1808, o l ́Atlas entrou em Vigo acreditando ser porto dos aliados espanhóis, e ali foi preso em junho ao se encontrar rodeado de lanchas armadas que ameaçaram tomá-lo à abordagem se não se rendia. Ainda hoje se pode ver, no Museu Naval de Madrid, um estandarte imperial, que o próprio Napoleão presenteu à tripulação do navio, antes de sua captura e entregue às autoridades espanholas. Com seu primitivo nome de Atlante serviu na Armada Espanhola até 1817, em que foi desguaçado.

Manuel Pedro Seoane, presidente Associação Hemérico

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