
Cepesca pede a modificação do Real Decreto que exige a ignição da «caixa azul»
Cepesca pede a modificação do Real Decreto que exige a ignição da «caixa azul»

CEPESCA urge Tejerina a alterar o Decreto Real que exige a ignição da Caixa Azul e imobilização permanente de navios durante as paradas. Também solicitou a distribuição dos auxílios europeus às quais a frota de palangreiro de superfície opera no Mediterrâneo, por paralisação forçada da sua actividade.
Cepesca pediu a modificação urgente do Real Decreto 1173/2015 que exige aos navios arrastos e cerqueros manter a ignição dos seus dispositivos de localização VMS (Vessel Monitoring System) e conhecidos como “caixa azul”, durante todo o tempo de suas paradas, bem como permanecer imobilizados durante as mesmas, com exceção, neste último caso, de razões de segurança. Sobre este último aspecto, Cepesca solicita à ministra que se permitam também deslocações por tarefas de manutenção ou colocação em ponto das embarcações.
De acordo com a Cepesca, esta obrigatoriedade do RD para poder aceder às ajudas paradas biológicas previstas no FEMP (Fundo Europeu Marítimo Pesquero) está a criar graves problemas, dada a sua inviabilidade técnica e solicita poder acreditar a parada através de outros sistemas. Por exemplo, manter activos os sistemas VMS durante uma parada (com o motor desligado), implica que o dispositivo se alimente da bateria dos equipamentos náuticos a que, por regulamentação, deve estar conectado, o que pode provocar a descarga completa das baterias e o consequente encerramento do sistema. O que exige actualmente aos pescadores investir em recursos para garantir que os sistemas estão constantemente a emitir e a evitar a perda dos auxílios. Na prática, segundo Cepesca, estão sendo numerosos os processos rejeitados por não poderem cumprir esses requisitos, tanto de armadores como de tripulantes. Por exemplo, na Andaluzia foram rejeitados 79 dos 82 pedidos apresentados, 137 de 198 na Catalunha e praticamente todas as apresentadas em Baleares. Cepesca alerta que nos próximos meses poderia ocorrer o mesmo no resto da CC.AA se a regulamentação não for alterada.
No que diz respeito à obrigatoriedade da imobilização durante uma parada, Cepesca solicita ter em conta que, historicamente, os armadores aproveitaram para realizar as operações de manutenção e colocação em ponto dos navios de pesca, levando-os a varadero, pelo que considera imprescindível que se autorize expressamente a possibilidade de fazê-lo, com a certificação das capitanias marítimas correspondentes.
Ajudas ao sector palangreiro de superfície
Por outro lado, tendo em conta que, devido a tudo o que precede, prevê-se que uma parte considerável do orçamento dedicado às paralizações temporárias seja mantida sem utilização, a Cepesca solicita novamente a concessão de auxílios aos navios de palangre de superfície que pescam no Mediterrâneo e que são obrigados pela regulamentação da ICCAT a realizar uma veda para a captura de espadas de 1 de Outubro a 30 de Novembro e durante um mês entre 15 de Fevereiro e 31 de Março.
Na opinião de Cepesca, e de acordo com a ministra, desde a entrada em vigor desta veda, foi solicitado ao MAGRAMA o desbloqueio dos fundos europeus de ajuda a frotas que devem paralisar obrigatoriamente a sua actividade para cumprir medidas de conservação de recursos biológicos, uma vez que a frota palangreiro de superfície cumpre todos os requisitos previstos no regulamento do FEMP.
No entanto, e apesar de o governo ter comprometido a fazer tudo o que fosse possível para que os palangreiros pudessem receber as ajudas, estas nunca foram distribuídas e, este ano, segundo o ministério, não vão poder nem sequer considerar que o Executivo em funções fechou o orçamento em Julho passado, desperdiçando assim os fundos provenientes da Europa se não agir rapidamente. “Ante esta situação”, aponta Javier Garat, secretário-geral de Cepesca, “confiamos que o ministério seja sensível e desenvolva as ações que sejam necessárias para desbloquear esses fundos”.
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