As duas Semanas tocarão e conta nova?
As duas Semanas tocarão e conta nova?
As duas Semanas tocarão e conta nova?
Em 1983 foi criada a chamada Semana de Baiona, o primeiro projeto sério moderno na Galiza de seguir os passos das "week" mais conhecidas e prestigiadas da Europa. Da mão do Monte Real Club de Yates, realizaram-se um total de quatro edições... naquelas que se dava de prêmio absoluto ao que alcançava maior número de primeiros em sua classe, um "mapa de ouro da Galiza"... algo impensável hoje em dia. Em competição a bellíssima ria baiõesa cobria-se de branco, com centenas e centenas de velas de windsurf, snipe, optimist, vaurien, cadete, first class 8, cruzeiros... Já são história aquelas vitórias de Félix Gancedo e aqueles patrocinadores começando por Larsa, Adolfo Domínguez, Don Algodão, BMW, Coca Cola, DYC, Jotun Valentine, Chantiers Beneteau, Rolex, Zanussi, Cartier, Hublot, Seat...
No 86 se organiza a que seria última edição que é ganhada por uma jovem promessa do Real Club Náutico de Portosín o otimista então José Manuel Pérez... o esgotamento desta Semana pelo esforço enorme que era preciso, unido ao nascimento do Troféu Príncipe das Astúrias precipitam seu final... Chegamos ao ano 1999 o Real Club Náutico de Vigo me oferece entrar em colaborar com eles, a mim e a toda a equipe entre os que estava Antonio Viejo e Francisco José Estévez "Paco Pepe"... Por estrita delicadeza institucional não aceito o oferecimento até o ano seguinte (mi marcha do MRCY de Baiona estava muito recente e também estava trabalhando com intensidade para o Marítimo do Abra). No projeto que se traza para o Náutico cria-se a Semana do Atlântico que arranca no ano 2000 com uma primeira edição em que se parte com um Martín Barreiro que apenas aglutinava 30 snipes, 20 vaurien e 50 optimist... e com esses mimbres mais 420, cruzeiros, clássicos e motonáutica o evento cresce da mão então de Mapfre, Adeslas e Audasa basicamente... diante de um Náutico perplexo ao que lhe surpreenderia o apoio aos optimist... para a equipe do bom de Manolo Frade era incompreensível... fixar-os como mudaram as coisas. Esta nova «semana» já nasce com vocação multideporte e com tendência a ter um ponto cultural, pois um dos eixos do projeto é a comemoração às portas da Batalha de Rande...
Depois de muitos anos de trabalho e de esforço a Semana com Caixanova já de patrocinador, alcança umas edições apoteósicas com até mais de mil barcos, grandes ciclos culturais, carros clássicos, a presença de vários clubes... e até um Mundial de Platú 25 com mais de 20 países, três continentes e 95 barcos!... já com alguns cortes se chega a 2012 que é quando ocorre a última edição das de "verdade"... A distonia evidente após a marcha de Franco Cobas da presidência, com os «novos gestores» é total e absoluta. Fruto disso chega a ruptura e que no cenário se realizem duas «semanas». Uma com os pilares da história, a outra voltando às suas origens cinzentas do Martín Barreiro. A uma com projecção externa, a outra encerrendo-se na capata do localismo... até que o Náutico quer competir com a "outra semana... a nossa" no plano português toda vez que um dos ciclos se organiza em Leixóes... o Náutico vigués se mete em Viana do Castelo... O tempo dará razões a uns e outros. Enquanto a Semana nossa introduziu ao remo (uma ideia desde que foi fundada em 2000) e se mudou para outros lugares (o pedido Caixanova já em 2005), a do Náutico caiu uma enormidade, salvo a regata de optimist em que voltou ao Circuíto de Excelência da AECIO, curiosamente criado por Francisco Coro com o apoio meu no seu dia...
Já são muitas as vozes e algumas tremendamente autorizadas que sugeriram e aconselharam o atual presidente do Real Club Náutico de Vigo que se ponha de acordo com a semana viajera e se salde com um pacto entre ambos os eventos, ou se quiserem que se unem para formar um só. A favor da globalização e da unidade, e que o Náutico tem atualmente um presidente dialogante e respeitoso como é Ballesta, e um vice-presidente que conhece bem o desenvolvimento da que hoje é Semana Abanca, e com o qual também me une uma amizade tão distante no tempo como real, José Antonio Portela. Em contra os que se refugiam em seu desconhecimento, e que apelam a certo chauvinismo sem sentido, e a que a verdade é de seu patrimônio exclusivo. Talvez a médio ou longo prazo seja uma boa ideia unir as duas “semanas”, mas atualmente é simplesmente um desejo dos que querem unidade e não distanciamento... é como Gibraltar passar a ser Espanha... algum dia será uma realidade, mas ao dia de hoje a curto prazo não é viável.
Há duas semanas com projetos totalmente diferentes e incompatíveis... o que por outro lado não é ruim nem muito menos... pois só têm em comum o sobrenome de "semana"...
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