Arenys de Mar uma potência naval nos séculos XVIII-XIX e sede da Real Escola Náutica
Arenys de Mar uma potência naval nos séculos XVIII-XIX e sede da Real Escola Náutica
Arenys de Mar uma potência naval nos séculos XVIII-XIX e sede da Real Escola Náutica

João Monjo em 1853 escreveu um Tratado de Arquitetura Naval, que foi aceito como livro oficial para as escolas de náutica. Entre 1858 e 1868 João Monjo colaborou com Narciso Monturiol na construção de seus Ictíneos, realizando os cálculos de estruturais do primeiro e supervisionando a construção do segundo... assim refletem planos assinados por ele. Em 1869 foi nomeado diretor da Real Escola Náutica de Arenys, que teve que fechar cinco anos depois pela terceira Guerra Carlista.
A promulgação da disposição de 12 de outubro de 1778, que tinha acabado com o monopólio dos portos do sul espanhol (dos portos de Sevilha e Cádiz), fez progredir a navegação atlântica da marinha catalã. A necessidade de dispor de pilotos, a intervenção dos quais era legalmente imprescindível para as rotas de ultramar, foram o motivo pelo qual muitos pais de família e a guida de Sant Elm de Arenys de Mar solicitaram a Josep Baralt o estabelecimento de uma Escola de Pilotos, que era a pessoa mais adequada, pois, além de sua longa experiência e da condição de primeiro piloto com graduação oficial da Real Armada, tinha uma formação excelente. A ideia pareceu-lhe boa e começou as formalidades legais porque de fora autorizada esta Escola de Náutica de Arenys, que obteve com carácter provisório. A licença de abertura chegou a 7 de março de 1779 e, de maneira definitiva ao ano seguinte: em 30 de abril de 1780.
A Escola iniciou suas atividades em 7 de abril de 1782 em Arenys de Mar. As primeiras aulas as deu em sua casa, na rua da Igreja, como reza uma placa atualmente visível em sua fachada. Apenas em instrumentos náuticos, Josep Baralt gastou a quantidade de 2.491 libras.
Em pouco tempo se fez pequena e em 1783 se mudou para um edifício situado ao Caminho Real (carretera geral para França) para a parte de levante da população e era conhecida vulgarmente com o nome de «Estudo dos Pilotos». Nesta Escola, como consta no livro de registro de alunos, assistiram jovens de toda Catalunha, de Baleares, Alicante, Tortosa, Málaga e até mesmo da Galiza. A quota era de 8 pesetas da época mensal. Em 3 de fevereiro de 1807, consta uma inscrição total de 93 alunos.
Esta Escola obteve a "Real Aprovação" em 1783, ganhou a condição e categoria de "Escola Náutica da província marítima», com a Real Proteção o 1792y finalmente em 1802recibe a distinção deReal Escola Náutica. Uma demonstração da importância da potência náutica da Villa de Arenys de Mar é que o 1786 havia 59 naves que faziam o trajeto ao Novo Continente, todas elas construídas nos cinco estaleiros de Arenys e patroneadas por pilotos saídos da Escola Náutica.
Vinte anos depois da fundação da Escola de Náutica, em 22 de outubro de 1802, o Rei Carlos IV e sua família pernoctaram em Arenys alojando-se nas casas de Can Ramis e de Pau; conhecedor o Rei da importância da Escola Náutica quis conhecer pessoalmente Josép Baralt, que lhe foi apresentado por Josep de Olózoga, capitão do porto de Barcelona e por Pere de Ayala, ajudando militar e de marinha de Arenys de Mar. O Rei, completamente satisfeito pelas explicações que lhe foram dadas, decretou que a Escola se titulara "Real" e nomeou Josép Baralt, Tenente-Maior da Armada e lhe concedeu o privilégio de quear na fachada o "pennão real". Em 22 de fevereiro de 1806 Josep Baralt foi nomeado Ajudante Militar de Marina e capitão do porto de Arenys, cargo que ocupou até sua morte.
Então, o Estudo, que quase não se podia manter economicamente, passou às mãos de Francesc de Padua Farrucha, natural de Cartagena. Apesar de ter investido uma quantia considerável de dinheiro, ao aprovar a ordem de incorporar o ensino de náuticaa os institutos de segundo ensino a escola teve que fechar suas portas. No entanto, depois de algumas tentativas frustradas, o 1869, voltou a abrir as portas com Joan Monjo i Pons à frente. Apesar disso, o transporte ferroviário, a progressiva perda das colônias ultramarinos e o aparecimento dos navios de vapor, produzem a decadência da navegação de vela. Os mestrances de Arenys desaparecem ou ficam reduzidos à construção de barcas de pouco tonelagem. Em 1874 fecha-se definitivamente a Real Escola Náutica de Arenys de Mar.
A EDAD DE ORO DA NAVEGAÇÃO
Já no final do século XVII e durante a primeira metade do XVIII, alguns navios de Arenys começam a comerciar, através de Cádiz, com a América, e com a abertura do comércio da Índia em 1778, a economia arenyenca recebe um forte impulso. Numerosos marinheiros e padrões da população se matriculam para a carreira da América, e em 1786, já há 54 naves em Arenys que fazem o trajeto no novo continente. O 1779, para formar tecnicamente oficiais e capitães para as singladuras oceânicas, o navegante areñense Josep Baralt e Torras (1740-1829), funda, na vila, o Estudo de Pilotos, que chegou a ser a escola naval mais prestigiada do Principado, e pela que passaram, até que se fechou definitivamente em 1874, mais de 2.000 alunos, provenientes de toda Catalunha, de Espanha e até mesmo da América.
No final do século XVIII, Arenys, com seus cinco estaleiros, é o povo pioneiro na constução naval da Catalunha. Além disso, era a vila da província marítima de Mataró - del Masnou até Tossa -, de onde saíam mais barcos para a América; a seguiam de longe, Mataró e Canet e, embora a mais distância, Blanes, Lloret e Tossa.
A indústria têxtil e de ponto experimenta uma ligeira expansão e a atividade dos comerciantes de renda vai aumentar. As pontas de Canet, Calella e sobretudo de Arenys, são exportadas para a península - as de Arenys em Madrid tornam-se muito famoses - e ao outro lado do Atlântico. Em 1789, os 7 rendas mais importantes da população fazem trabalhar 850 rendas.
Como consequência da euforia econômica desta época é construir umas 300 casas e se abrem novas ruas. Além disso, ocorre um fenômeno primordial para o urbanismo da população: a transformação da Riera. Até então era uma rambla, um terreno arenoso, pela qual muitas vezes baixava água e não se edificava. Só davam as hortas das traseiras das casas, e era usado como aterro de lixo. Ao longo deste século, passa a se tornar uma via pública em que se constroem novas casas e as mansões senhoriais, como as casas Milans e Ramis, há edificam a fachada principal. Também se abrem duas praças, a da vila e a da igreja. No século XIX, com a plantação das bananas (1865) -provenientes da Devesa de Girona -, a construção de novas casas e a abertura de algumas lojas, torna-se o centro neurálgico da vila.
Na entrada do século XIX, Arenys tem 4.439 habitantes e 906 casas. No campo da indústria, funcionavam várias fábricas de tecidos, de algodão e de seda e havia 1.500 rendas.
Durante a Guerra da Independência (1808-1814), a cidade se torna um núcleo chave de comunicação e de intendência dos exércitos aliados espanhol e inglês. De Arenys saem convoyes de víveres e armas destinados a diversos pontos neurálgicos da Catalunha, e assim mesmo é o ponto de partida da expedição marítima para a conquista das ilhas Medes. Devido à sua situação estratégica, foram atribuídas tropas de cobertura que estavam encarnizados combates para manter a cidade fora do domínio napoleônico. Ao cair Girona nas mãos dos franceses (1809), a Junta Corregimental da cidade e os sucessivos governadores se deslocam para Arenys, que se converte em capital livre do Corregimento. Apesar de tudo, Arenys sofreu várias ocupações, embora esporádicas, dos franceses, a mais importantes das quais foi o de inverno e a primavera de 1812. Também não se librou de saques, e de fortes contribuições de guerra, tanto pelos franceses como pelos espanhóis.
Precisamente nesta época é quando se menciona pela primeira vez explicitamente o chamado tradicional da vila, «as amêndoas de Arenys». Embora já tenha sido notícia de que no século XVII se fabricavam amêndoas azucaradas, no ano 1814, por motivo da estadia que fez Fernando VII em Calella, ao voltar do exílio, a prefeitura daquela cidade pede ao de Arenys , que lhe envie "Almendras de Arenys" para presentear o monarca.
Os dois primeiros terços do século XIX, a atividade naval continua com grande pujança. Fondean em Arenys cerca de 490 navios anuais. Quase todos os dias, chegam de 30 a 40 cargas de cerâmica de Breda destinadas a Ultramar. Também se exportam, sobretudo em Matanzas - onde havia uma importante colônia arenyenca -, pontas, cortiça, madeira, armas, meias, quadros de artistas Barcelona, sanguijuelas, etc.
Continua a atividade das professoras, com linhagems de carpinteiros de ribeiro, Pica, Ferrer e Jaurés, e sobretudo dos Procurets, pai e filho, conhecidos como os "Caldes", do estaleiro dos que saíam uma média de três a cinco veleros de grande tonelagem anual, como a Bricbarca "Doña Flora de Pombo", de 884 toneladas.
Muitos areñenses vão à América fazer fortuna e alguns tornam-se enriquecidos, os famosos “americanos”. Dentre esses destacamos: Francisco Roget; Paz Espriu e Llobet (1770-1846), que foi um dos fundadores da cidade de Cárdenas, em Cuba; Josep Xifré i Casas (1777-1856), que com seus negócios em Cuba e nos Estados Unidos, chegou a ser o catalão mais rico do século XIX e fez construir na vila um grandioso hospital para os pobres; Jaime Partagás e Rabell (1816-1861), criador da prestigiosa "Real Fábrica de Tabacos Partagás", fundada em Cuba, em 1845; Antoni Torrent e Carbonell (1833-1898), que fez construir o Asilo dos Idosos Desamparados, edifício ainda destinado ao uso pelo que foi criado em 1897; Prudencio Rabell e Pubill (1835-1906), primo de Partagás, dedicado também ao negócio dos tabacos, ao qual em 1897 se concedeu o marquesado de Rabell.
Entretanto, em 1834, a população, que tem uma poderosa comunidade de sacerdotes, tem sido erigida seu arcipresstal. Nesse mesmo ano, a constitui em cabeça de partido judicial.
Em 1835, ao se criar as províncias, Arenys, que sempre havia pertencedo à zona administrativa de Girona (Condado, vegueria, Corregimento), passa a depender da província de Barcelona. Ele continuou, no entanto, até nossos dias, fazendo parte do bispado de Girona, com um parêntesis de vinte anos (1958-78), no qual pertenceu à diocese barcelonesa.
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