O Presidente de Balearia apela a uma maior atenção para o transporte marítimo

O Presidente de Balearia apela a uma maior atenção para o transporte marítimo

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Adolf

Adolf Utor, Presidente da Baleària

Para o Presidente da Baleària, Adolf Utor, “Os governos deveriam prestar maior atenção ao sector dos transportes marítimos e à importância estratégica de grandes operadores locais”. Tocamos em ND a interessante entrevista publicada na web do Clúster Marítimo Espanhol.

– Como apresentaria sua empresa a outros membros do cluster, caso não a conhecesse?

Baleària é uma naveira que se dedica ao transporte de passagem e carga rodada nas conexões com Baleares; um dos maiores operadores da mesma modalidade no Estreito de Gibraltar, e também oferece serviços no Caribe. Em 2014, transportamos mais de 3,5 milhões de passageiros e mais de 4,5 milhões de metros lineares de carga rodada, com um faturamento em torno de 300 milhões de euros. Entre as principais apostas da empresa está a internacionalização do negócio como base para consolidar o projeto empresarial e a inovação aplicada à melhoria da eficiência da gestão, da energia e da frota. A naviera, que conta com uma frota de 23 navios, dá ocupação a mais de 1200 pessoas.

- Quem são os seus principais parceiros e clientes?

O capital social da empresa é controlado pelo seu presidente e fundador que lhes fala através de Contribuições e Amarras e Gestão Naviera, 20,75% por Fiesta Hotéis e 5,42% por Suministros Ibiza, cujos principais parceiros são a família Matutes e João Lladó. Quanto aos clientes, a empresa contempla duas linhas de negócio: a passagem, onde estariam os clientes particulares e as agências de viagem, e o transporte de mercadorias, com empresas logísticas e de distribuição principalmente. Praticamente todas as principais empresas de distribuição são clientes de Baleària.

- O que acha que os distingue dos seus concorrentes?

Somos uma empresa jovem, muito dinâmica e permanente mudança e crescimento, que aposta na inovação como factor diferenciador determinante, além do investimento constante em novos navios, da formação e da melhoria contínua dos nossos equipamentos. Temos um modelo de negócio competitivo em que as pessoas ocupam um protagonismo central: como parte das equipes, e como destinatárias dos nossos serviços. Apostamos pela excelência no serviço e proximidade com os clientes. Em termos de serviço, somos pontuais, e oferecemos serviços de qualidade ao melhor preço.

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- Como valoriza a atual situação do setor marítimo espanhol?

A Espanha é o quarto país da UE por tráfico portuário e o terceiro por tráfego marítimo nacional após a Grã-Bretanha e a Itália. O comércio marítimo é vital para a economia espanhola e este ano já está a registar um crescimento, ao comparar a evolução positiva da nossa economia. Em comparação, em termos de frota mercante controlada pelos armadores nacionais, a Espanha ocupa apenas o lugar 13o na UE, uma posição claramente inadequada para o peso económico e marítimo da Espanha na Europa. Portanto, as possibilidades de crescimento do setor naviero espanhol são muito grandes.

– Que ações considera imprescindíveis para aproveitar o potencial do setor marítimo espanhol?

Considero particularmente que os governos deveriam prestar maior atenção ao sector dos transportes marítimos e à importância estratégica de dispor de grandes operadores locais que promovam o sector e contribuam para a necessária recuperação económica da Espanha. Para isso, é fundamental obter um registo especial mais competitivo, no que diz respeito à contratação de 50% de marinheiros estrangeiros, simplificando os trâmites e sem limitações, ou a possibilidade de homologar sociedades reconhecidas na tramitação dos certificados de bandeira, como acontece na maioria dos países com frotas importantes.

Estas duas medidas equipariam o registo espanhol para o resto dos registos europeus e facilitariam o crescimento da nossa frota. Para conseguir esse objetivo, tem-se de tomar consciência da importância estratégica que para um país representa ter operadores fortes, e isso, hoje por hoje, é difícil de assumir para nossos mandatários. No entanto, os responsáveis políticos europeus e os seus homônimos dos principais países (como a França, a Alemanha, a Itália ou a Grã-Bretanha) estão conscientes e agindo consequentemente. Confiamos que algum dia os nossos se percam da importância do setor e propiciem uma mudança de rumo. Isso seria positivo no emprego e na economia espanhola. Sempre será melhor, em termos de frota, contar com 50% de uma grande frota mercante, que com 100% de uma frota exígua.

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– Quais os desafios que o sector enfrenta nos próximos anos? Como deveria responder a eles?

No domínio internacional onde a globalização exige cada vez mais mobilidade de bens, serviços e pessoas, a procura de serviços marítimos continuará a aumentar acima do crescimento económico. Ao mesmo tempo, o mercado exige cada vez mais qualidade nos serviços e preços mais competitivos. O grande desafio do sector é a competitividade, que passa inaludivelmente pela inovação e pela eficiência energética. Os novos navios, os serviços portuários, a eficiência energética, a crescente procura, obrigam a contínuas renovações de navios que impulsionarão o sector da construção naval. É por isso que é tão importante contar com operadores nacionais fortes.

– Que vantagens encontra em ser sócio do Clúster Marítimo Espanhol?

Sou um forte defensor do associacionismo e da colaboração. O Clúster Marítimo é uma organização muito transversal, cujo denominador comum é o mar. Sua pluralidade é uma vantagem e um inconveniente às vezes. Sua liderança é importante e o fato de que se encontre presidido por um naviero nacional pode ser determinante para sua eficiência.

Estar em contato com todos os agentes ligados ao setor marítimo e poder contribuir para uma ampla colaboração é e deve ser também uma satisfação um motor de desenvolvimento e crescimento para o nosso país. Espero que assim entendam as autoridades públicas e correspondam aos nossos objectivos.

– Como você gostaria de ver o Clúster Marítimo Espanhol e que espera dele, a médio prazo?

O Clúster abrange um leque de entidades muito amplo e difícil de coordenar, empresas, consultorias, associações, sindicatos, com interesses por vezes contrapostos e com um denominador comum, o mar. Para Espanha por sua história e por sua geografia o mar representa quase tudo. Se formos capazes de pôr em solfa esta enorme orquestra, nossa voz pode-se ouvir com força e será escutada. Não é tarefa fácil, deve-se conseguir que seja mais do que um lugar de encontro onde nos reunirmos com políticos de lustre, temos de conseguir determinar objectivos, persegui-los e concretizá-los. Complicado, mas possível. Muita sorte para Alexandre e para sua equipe.

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