Corria o ano 1907 e assim rezavam os rotativos de época: grande expectativa e extraordinário interesse por conhecer o resultado do match entre os grandes transatlânticos que partidaram de Liverpool: Lusitana e Lucania, cruzando-se numerosas e importantes apostas, que ganhou como se esperava o Lusitania e o recorde de velocidade batido por alguns navios alemães.

A maquinaria do Lucania é sencillíssima e antiga; não assim a do Lusitania, que é muito nova e responde às mais recentes obras da construção naval. O Lusitania desloca 45.500 toneladas e é o maior transatlântico que existe atualmente no mundo, sendo suas caractéristicas principais:

Eslora 245 metros, manga 26,40 metros, deslocamento 45.000 toneladas, potência total das quatro máquinas 70.000 cavalos, velocidade 25 nós, altura das chaminés (a partir dos fornos) 48 metros, altura dos maistiles (desde a emplantação ao remate) 66 metros. O transatlântico está acondicionado para receber 550 passageiros de primeira classe, 500 de segunda e 1.300 de terceira. O Estado Maior o compõem 26 oficiais e a tripulação 875 pessoas. Pode então o Lusitania abrigar 3.700 pessoas, tem 10 andares e dois espetaculares elevadores. A ventilação dispõe de 120 janelas, 100 tragaluces e 90 grandes ventiladores e para o alumbrado dispõe de 5.000 lâmpadas. O navio criou um investimento para a sua empresa armadora de 30 milhões de francos; estando em construção o seu gemeno, que irá parecer o nome da Mauritânia.

Para desenvolver a velocidade de 25 nós que o permite franquear em cinco dias as 3.000 milhas que separam Liverpool de Nova Iorque, precisa de consumir 1.250 toneladas de carvão por dia, ou seja, um total de 12.500 para a viagem de ida e volta. Este navio foi construído sob a direção do almirantazgo britânico e pode servir de cruzeiro auxiliar, monta 12 canhões de 150 milímetros e outros 12 de 76 milímetros.

Manuel Pedro Seoane
Edtor de Náutica Digital