
Mundial Snipe 57: Allende-Laiseca conseguem a façanha para a Vela de Espanha
Mundial Snipe 57: Allende-Laiseca conseguem a façanha para a Vela de Espanha
Estamos na localidade veraniega de Cascais no final do mês de agosto, muito perto de Lisboa, conhecida em Espanha por sua beleza e porque ali passou parte do exílio Don Juan de Borbón. 20 países foram citados para celebrar nada menos que o Campeonato do Mundo de Snipe, apenas falta à citação do Uruguai que não consegue chegar com seu navio a tempo. Preparando seus «snipes» encontram-se apenas dias do início do Mundial: Estados Unidos, Brasil, Bahamas, Bermudas, Cuba, Argentina e Canadá (por América); Turquia e Japão pela Ásia; África do Sul pelo continente negro; e Espanha, Suíça, Itália, Inglaterra, Noruega, Bélgica, Suécia, França, Dinamarca e, claro, os anfitriões Portugal,..., por Espanha seus campeões do Real Sporting Club de Las Arenas,..., do Real Club Marítimo do Abra-Real Sporting Club desde o final do século passado. À cana Juan Manuel Alonso Allende, como tripulante Gabriel Laiseca já conhecido naqueles anos como o «Chinito» (diz as crônicas jornalísticas daqueles anos que “era um rapaz que não chega aos vinte anos de idade, de constituição forte e muito ágil,..., o melhor da Espanha como tal”e apostam “Você gosta de navegar sozinho em um Cadet pelo Abra de Bilbau,... e costuma regatear com o Con de Zubiría,...”).
Triunfo da Suíça e descalificação da Espanha
Com vento suave do sul começa em 2 de setembro de 1957 o Campeonato do Mundo em águas portuguesas. O Guadalimar se encontra a barlovento de todos, e decide virar, ficando amurada abor com a clara intenção de passar pela popa dos sul-africanos. Allende acredita-se com espaço suficiente, mas está errado e aborda ligeiramente seus rivais, sem pensar em porto com a desqualificação segura. A vitória é para os suíços, que se estrearam com liderato.

O Guadalimar» na Exposição do Snipe que organicé junto com Juan Marcet, em honra de Cholo Armada, Fernando Massó, Allende-Laiseca e Félix Gancedo (Semana Caixanova 2004).
Guadalimar vence após uma titânica luta com os norueguêss
O vento provocava a sua ausência, sucessivos adiamentos de sessenta minutos, até que às quatro da tarde se entabrava nos 20 nós. O triângulo olímpico, e a saída é tão bela como trabalhada, partindo em primeiro lugar a Noruega. Depois dos nórdicos o grupo perseguidor no qual figura Espanha,..., mas é a Suíça quem toma a segunda posição após o primeiro trecho, sendo o navio espanhol o terceiro. O vento fresco dá asas aos vizcaínos. Depois dos três de cabeça os norte-americanos, que pouco a pouco vão perdendo foille ante a surpresa de próprios e estranhos, em alguns instantes em que a Espanha se faz com o segundo lugar e se lança em busca da Noruega para arrebatar a vitória parcial. Na parte final da manga já com um vento muito fresco de 25 nós, Allende e Laiseca se fazem com o comando com clareza, e demonstram que há que contar com eles.
Suíça repete vitória, sendo o segundo lugar para os EUA
Novamente atrasado pela falta de vento. Nesta ocasião de cerca de três horas. Não estão finos nossos representantes em um teste em que eles voltam a ganhar os suíços, sendo a segunda posição para os americanos. Após esta terceira manga, Espanha é 8a depois da Suíça, Itália, Cuba, EUA, Inglaterra e Noruega. Não tínhamos fácil, nem muito menos!

A Classificação. Allende e Laiseca foram homenageados pelo Atlhetic Club em San Mamés em 16 de setembro de 1957. Realizaram a pilha de honra em um jogo contra o Celta, que, aliás, ganharam os vascos por 6-0.
Espanha remonta e se põe segunda, após a liderança provisória da Suíça
Também pouco tempo na quarta: apenas 8 nós. De partida Bahamas e Bermudas tomam frente, enquanto Espanha que ia a sota da frota, encontra-se que ao virar se põe em cabeça..., a partir daí a vantagem de Allende vai em ascensão, conseguindo Espanha ganhar pela frente dos Estados Unidos, Suíça, Cuba, Itália e Inglaterra. Nossos compatriotas se metem de cheio na luta pelo título pois já são segundos após suíços e pela frente dos Estados Unidos, Cuba e Inglaterra.
Quinta prova: anula-se a primeira tentativa e a Suíça volta a triunfar
A quinta prova por não preencher ninguém dentro do tempo-limite prefixado o percurso, pelo que ocorre a repetição (a sexta realmente), e os suíços ganham pela frente de seus já rivais diretos, o “Guadalimar”. Após o otimismo volta a preocupação, pois se destaca Suíça, pela frente de Espanha, EUA, Itália e Cuba.
Na sexa manga, Espanha consegue a vitória
São mais das seis da tarde quando começa a regata. Espanha domina na primeira virada em barlovento, pela frente da Noruega, Cuba, EUA e Suíça. As possibilidades do "Guadalimar" estão na permanência da Suíça na quarta ou quinta praça, e além de ganhar,.... Chega-se a baliza de barlovento com Espanha destacado, destrás Noruega, muito perto Cuba,..., e Suíça com os Estados Unidos! Nerviosismo entre os amadores espanhóis, pois estamos ao limite de possibilidades. Mas Cuba mantém-se forte na terceira praça e não dá escolha a um desesperado suíço que tem que se conformar. SNIPE!
Artigo EFE
Cascas (Portugal) A Espanha ganhou o Campeonato do Mundo de regatas, da classe «snipe», ao se classificar em primeiro lugar a embarcação «Guadalimar», que a representava. Juan Manuel Alonso Allende, padrão do navio, levando a Laiseca como proel, impuseram-se netamente aos demais participantes, ao conseguir três primeiros postos, um segundo e um quinto, das seis regatas celebradas.
Manuel Pedro Seoane Cordal
Diretor de Regatas do RCMA-RSC (1999-2000) e colaborador perpétuo do mar
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