Quando o Monte Real Club de Yates pôde dar seu nome a um avião da Air Europa
Quando o Monte Real Club de Yates pôde dar seu nome a um avião da Air Europa
Quando o Monte Real Club de Yates pôde dar seu nome a um avião da Air Europa

A anedota dos anos 90... pôde ser realidade (Foto de Air Europa publicada na Wikipédia)
Os anos 80 e 90 foram para a vela pesada espanhola brilhantes, esplendorosos e sobretudo carregados de novidades. Aqueles equipamentos de Admiral’s Cup do Real Club Náutico de Barcelona... ou aqueles que apadrinou Manuel Fernández de Sousa Faro desde seu Monte Real Club de Yates de Baiona... aquela fantástica Regata do Descobrimento com o catamarão La Santa Maria na que quatro corajosos se atreveram a atravessar o charco: José María García Lastra, Juan Zarauza, Miguel Lago e Javier da Gándara... os quatro do Clube da Villa da Pinta.
Ou a Regata das Autonomias, na qual não parava de sonar em Monte Real o spot de publicidade de Cervezas O Aguila... evento que teve por impulsor ao inesquecível Frederico Arias. Amén de organizar o show, tiveram-se que adquirir cinco Selection de Jeaneau (37 piés), o que representou uma pasta gasta.
Também nos 80 houve que ressaltar o projetaço do Licor 43 de Volta ao Mundo de Joaquín Coello, o primeiro de corte profissional... e uma anedota nas rodas de imprensa não se visionava vídeos... se projetavam em uma tela filmes de cinema sonoro de 16 mm!... e como não a Regata Volta a Espanha ideia inicial de Afonso Jordana e Díez Merry... e minha... que reuniu com força a Revista Bitácora com o apoio essencial de Dorna a cargo de seu vice-presidente José Ramón Guimerans.
Em 1984, nos emitiu a primeira cadeia de TVE, nada menos que 25 reportagens de 10 minutos... às 21h30 todos os dias!... naquela mágica segunda edição a etapa inicial foi Getxo (Marítimo del Abra)-Baiona (Monte Real Club de Yates), que era ganhada pelo Califa (One Ton del Yate Club Argentino de Buenos Aires) tendo por padrão a Arturo Arrebillaga.
Nos 90 continuou a corrente de novidades: novos projetos de Volta ao Mundo como o do Fortuna, o do Xargo VI e o do Galiza 93 Pescanova... com presença essencial nos três dos navegantes galegos, com José Eraso e Toni Román no maxi de Francisco Sitges, ou Javier da Gándara à cana do Fortuna e do Pescanova, no que conseguiu entrar em pódio, quando o nível da Whitbread era simplesmente incrível.
Por sua parte da mão do Monte Real em San Diego navegou na Louis Vuitton (antesala da América’s Cup) o Espanha 92 Quinto Centenário, primeiro desafio espanhol ao que seguiriam no século passado dois mais... alcançado um meritório lugar: quinto classificado, com uma vitória na regata de abertura ante a Austrália, que foi aplaudida na água por mais de 50.000 pessoas.
Pelo relatado Monte Real compartilhou mesa e mantel com os clubes mais magníficos e prestigiados do mundo ocidental, sendo o criador no Atlântico na lejania de 1981 da primeira regata em solitários e de dois tripulantes, e em 1982 das regatas de tripulações... ou seja das regatas a match.
Os navios contra navio, estrearam-se na baía de Baiona a nível galaico-português. Na primeira edição em dois Puma 32 que cedeu o inesquecível Ito Andrade (um deles o Pombiña de Miguel Echegoyen, na qual navegou de menina a medalha de ouro Tamara Echegoyen)... na segunda a Escola Naval Militar nos deixou seus dois Cirrus 3/4 (el Moura e o Tambo), que naqueles anos eram dois três quartos veteranos, mas formidávels.
Na terceira celebrada em 1985 apareceram dois jovens do Porto que eram Pedro e Antonio Pires de Lima. A competição voltou a ser apoiada por Ito Andrade... que deixou o Monte Real dois Jeanneau modelo Fun de pacote com velas a estrear... e o resultado foi um bombazo: os críos lusitanos ganhavam a final aos todo-poderosos do Pairo Três... com José Luis Freire à cabeça... vencedores entre outras da Semana Náutica do Porto de Santa Maria, então a top das regatas espanholas (Copa do Rei incluída).
Houve um paróm posteriormente nos match, para aparecer da mão de outro grande como é Javier Vissiers quatro Fortuna 9 (em conseguir o patrocínio e reportagem de 10 minutos na 2 de TVE uma segunda às nove da noite). Mas este evento de match race, o Open de Espanha, já contou com tripulações de máxima qualidade: Toño Gorostegui foi o vencedor.
Novamente a reaparação do match-race da mão de Tabacalera foi fugaz em Monte Real... para chegar já na parte final dos 90 dois eventos: um que só teve uma edição que foi a Bombay Gin League... e o outro foram novos e brilhantes Open de Espanha... nas que participaram padrões de grande prestígio internacional, caso de Cris Law, Eddy Warder Owen, Jochen Schumann, Thierry Peponet... em fim qualidade para dar e tomar.
Nas regatas de match em Baiona, desde o início em 1983 é curioso... mas sempre houve de co-patrocinadores do setor das companhias aéreas. A razão evidente, pois as viagens eram essenciais e daquela não eram caros... eram caríssimos. A Iberia Linhas Aéreas de Espanha foi o primeiro com sua presença nos 80, seguiram-lhe a Tap de Portugal, Spanair, a germana Lufthansa... e ao final Air Europa.
Lembro-me como se fosse hoje que em uma refeição no Clube Náutico de Portosín, o comem ao que era seu gerente e um dos meus melhores amigos... Francisco José Estévez Salazar (Paco Pepe), que tinha falhado a Lufthansa (era o último da lista) simplesmente porque havia enterrado seu projeto na Galiza.
Paco disse-me: se você quer te apresentar a delegada da Air Europa na Galiza que é uma grande amiga minha... não precisa dizer que eu com minha paciência habitual... disse a Paco que a chamasse imediatamente, assim o fez e em alguns dias, estávamos jantando em Santiago com ela... e sellou o acordo com facilidade (obrigado Paco!).
Foi para a Bombay Gin League e Air Europa nos colocou parte de um de seus esplêndidos 747 do voo Barcelona-Santiago, e desde El Prat, vieram dezenas de regatistas, que por sua vez haviam voado em outros voos da companhia entre Bilbao, Valência e Palma... ou seja a concentração na Cidade Condal e depois todos juntos à Galiza, e daí a Baiona.
As reuniões foram várias com a Air Europa... e em uma delas lhes solicitei formalmente em nome do Monte Real Club de Yates de Baiona que colocaram seu nome a um avião da sua frota, e o tema o viram com bons olhos e até houve uma aprovação verbal... o ruim foi que a situação das companhias áreas, davam passo a momentos complicados e logicamente a nossa ilusão ficou estacionada... pois o ambiente não era propício para isso.
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