A complexa situação internacional que está a provocar uma grave incerteza nos mercados está a afectar sectores industriais entre os quais se encontra a náutica. O mercado náutico fecha o primeiro trimestre com valores inferiores às alcançadas no mesmo período de 2021 - exceto o mercado do chárter que se mantém positivo - mas superando os dados pré- pandemia, o que evidencia que a náutica e todo o seu leque de atividades de lazer de qualidade, foi instalado entre as opções escolhidas por turistas náuticos para desfrutar do seu tempo livre (Foto Pedro Seoane)

O mercado náutico caiu no primeiro trimestre de 2022 relativamente ao mesmo período do ano passado, salvo o mercado do chárter que se mantém positivo com um crescimento de 16%.

As matrículas totais de embarcações de recreio atingiram os 1.168 registos até Março deste ano, 9% menos das que foram efectuadas no primeiro trimestre de 2021. Se nos remitimos ao ano anterior à pandemia, 2019, no qual 975 embarcações de recreio, o mercado náutico reflete um crescimento de 20% no período atual analisado.

Do total de matrículas registadas neste primeiro trimestre (2022), 70% correspondem a embarcações para uso privativo e 30% são destinadas ao mercado de aluguer.

São os dados recolhidos no relatório do mercado de embarcações de recreio. Janeiro-Marzo, 2022... editado por ANEN a partir dos dados fornecidos pela Direcção-Geral da Marinha Mercante.

Todos os segmentos, excepto as embarcações entre 6 e 8 metros, cujas matrículas crescem 3,6% neste período, são afectadas, com maior incidência nos navios maiores a partir de 12 metros de comprimento.

Por tipo de embarcações, a crise logística que vem acarretando uma falta de suprimentos em determinados mercados afeta especialmente o de motos de água, cujas matrículas caem um -23,7%, e a certos segmentos de barcos a motor (-6,7%).

Os veleiros, pelo contrário, mantêm a boa marcha de vendas, com um crescimento das matrículas de 6,5%, também achatável a uma mudança de tendência que já se vinha observando nos últimos dois anos para um turismo náutico com vista à sustentabilidade.

O mercado de aluguer com um crescimento de 16% nas matrículas de embarcações de recreio destinadas ao chárter náutico no que se refere ao ano, regista 344 matrículas para este uso, face às 296 do mesmo período de 2021. As embarcações mais demandas para uso de aluguel, no primeiro trimestre do ano, são as de esloras menores, até 12 metros. Por tipo de embarcação, destacam-se os veleiros com crescimento de 84% no mercado do chárter em relação ao primeiro trimestre de 2021.

No cálculo de matrículas por províncias, naquelas com maior impacto do mercado náutico, a incidência da crise é desigual.

Na Andaluzia, cabe destacar o crescimento de matrículas emMálaga(16,67%), a província andaluza com maior quota de mercado (7,19%).

Na Catalunha, todas as suas províncias mantêm-se em positivo, com maior crescimento das matriculações emBarcelona(4,55%) que também tem a maior parte de mercado (9,85%) nesta comunidade.

Baleares, com 16,18% de quota de mercado, é a mais afetada pela queda de matrículas (-12%).

Na Comunidade Valenciana, Alicante, com a maior parte de mercado desta comunidade (7,53%), mantém o sinal positivo em matrículas (1,15%).

No mercado de chárter, Baleares, com a maior quota deste mercado (30,23%) cresce 28% em matrículas de navios destinados ao chárter. Alicante, com a próxima maior quota de mercado (12,21%) aumenta as matrículas para uso de aluguel 55,5%. Na Catalunha, Barcelona, a província com maior quota de mercado de chárter nesta comunidade (8,72%), experimenta um crescimento das matrículas superior a 200%.

Matriculações de embarcações de recreio janeiro-março 2022
Fonte: ANEN com dados da DGMM