O Almirante da Vela de Espanha: Marcial Sánchez Barcaiztegui
Marcial Sánchez Barcaiztegui, Almirante da Armada Espanhola, é um personagem imprescindível para compreender a evolução da Vela de Espanha nas últimas décadas, e as relações institucionais entre as Marinhas de Guerra e a Desportiva em muitos anos de nossa história. Descendente de marinheiros ilustres, a sua formação sólida e uma vocação marinera indiscutível, unia sua grande humanidade, unia o saber-se ganhar a todos e ser alguém indiscutível e querido, lá onde se encontrasse. Sempre atento a todos os avatares do nosso mundo, sempre disposto a colaborar quem fosse, é o que se diz um homem sábio e de grande bondade. É sem dúvida para a noite dos tempos, o Almirante da Vela de Espanha.

Marcial no Porto Juan Carlos I de Sanxenxo, nomeado membro da Cofradia Europeia da Vela, com colegas da cofradia e seu presidente Francisco Quiroga.
Sua vida esteve permanentemente ligada ao mar, à vela e à Marinha. Todo seu tempo até que faleceu aos 92 anos, dedicou-se à sua Espanha e ao seu mar. Todo mundo queria estar ao seu lado, todos queriam que Marcial asistisse a seus regatas. A decisão e pundonor deste Almirante, foi espetacular e graças ao seu trabalho, alcançaram-se objetivos como o que Espanha através de sua Marinha ofreciese uma imagem no exterior de umas Forças Armadas modernas e democráticas ao serviço da Pátria sob o manto de uma Monarquia Constitucional,..., o que conseguiu com o apoio de Don Juan Carlos e do então Presidente do Governo de Espanha, Felipe González foi algo em linha com as Armadas mais modernas do mundo: que Espanha tivesse seu navio de alta competição e que seus marinheiros de guerra, competissem em regatas com outros países mais avançados e com maior experiência democrática. A Espanha naquele momento faltava uma nova imagem, e o "Hispania" conseguiu da mão do Almirante,... foi um investimento ridículo para a grande campanha que fizemos nos pontos que realmente nos interessava.
Marcial nasceu em Ferrol, na Galiza. Grande parte de sua vida (40 anos) os passou em Maiorca, em seu haver amén da colocação em valor das Comissões Navales da Armada, o inculcar a vela como esporte dentro da Marinha Espanhola. A classe snipe foi sua primeira bandeira, naqueles anos em que outro galego o Dr.Ruiz o introduza em nosso país através do Real Club Náutico de Vigo, e que o poderio da classe estivesse primeiro nas mãos da inesquecível casal do Real Club Marítimo do Abra (João Manuel Alonso Allende e Gabriel Laiseca "El Chino" e depois do grande, do enorme Félix Gancedo, com outros "gallitos" como Fernando Massó e Cholo Armada.
A saga dos "Sirius" e dos "Aifos" estão unidas ao Almirante. O «Aifos» um quarter ton desenhado por Pepín González, foi o primeiro navio que a Marinha colocou à disposição do hoje Rei da Espanha, para competir na Quarter Ton Cup maior de suas últimas edições: a que organizou o Monte Real Club de Yates de Baiona em 1990. O que menos pessoas sabem é que disponibilizou outro quarto de tonelada, o "Mogor" para participar neste evento uma tripulação mandada por uma caballera aluna da Escola Naval Militar,... foi a primeira vez que a Marinha apresentou uma tripulação feminina numa competição. A estela do Almirante será lembrada por muitos anos.
Texto: Manuel Pedro Seoane