
Gorostegui e Guillermo López-Alonso em plena ceñida em águas de Santander (Foto de Arquivo Real Club Marítimo de Santander)
Falamos de 1976, lembramos aqueles momentos em que a façanha de Gorostegui e Millet, pois a façanha rompia o que vinéssemos quase sempre de uns Jogos Olímpicos de Verão. Os espanhóis de a pé lembravam o bronze em Hockey sobre erva de Roma e pouco mais, a primorosa medalha de prata em vela através do 470 formado por Antonio Gorostegui e Pedro Luis Millet, tornando-se uma data grande para a vela espanhola este 27 de julho de 1976. Muitos anos passaram desde que em 1932 Santiago Amat ganhasse a primeira medalha para a vela nacional em Los Angeles e hoje, em Kingston, Canadá, fizemos a nossa segunda. Uma excelente conquista graças ao caminho empreendido por Miguel Company, Presidente da Real Federação Espanhola de Vela nos anos 70 e 80. Para maior glória, toda a embarcação é nacional já que o capacete e as velas foram construídas pela nossa própria indústria náutica.

Para a Espanha foi um notição a conquista de Gorostegui e Millet. Teste desta capa em Marca (Arquivo de Marca)
A competição cumpriu as expectativas e o casal espanhol surpreendeu boa parte das quais eram, em seu início, casais favoritos para levar as medalhas olímpicas.28 embarcações para lutar pelas medalhas durante 7 asfixiantes regatas e, entre elas, como sempre em todas as regatas internacionais, os alemães federais (Huebner e Bode) a URSS (hermanos Potapov) Nova Zelândia (Paterson e Bennett) etc. Nas primeiras regatas, a embarcação no 1002 de Gorostegui e Millet se situou nos postos 4o, 8o, 2o e 5o, situando-se em um único lugar com 35 pontos, seguido da República Federal Alemã, URSS, Brasil, Austrália e França.

Toño Gorostegui e nosso colaboradorr Jaume Soler em um Salão Náutico de Barcelona (Foto Alfred Farré)
Na quinta regata, Huebner e Bode ganhavam para a Alemanha e com o terceiro posto de Gorostegui-Millet, a Espanha conseguia manter a liderança com apenas 1.7 pontos de diferença. A URSS também estava perto (a 10.3 pontos) enquanto o resto de embarcações falhavam. Duas regatas para finalizar e as medalhas estavam decidindo. Era imprescindível "não falhar" em nenhuma dessas duas regatas que ainda restavam por disputar. Na sexta manga, a Austrália apresentava suas credenciais para colher medalha, ganhando o casal Brown-Ruff. A URSS ficava 4a, Espanha 7a e Alemanha 23a, recalificada após uma primeira desqualificação e obtendo seu pior resultado de toda a competição. Assim as coisas, a Espanha seguia líder pela frente da URSS e da Alemanha Federal,..., apesar disso e para que o nosso casal se levasse o ouro, a RFA tinha que ficar no posto 7o ou pior, algo muito complicado... mas não impossível. Assim chegamos à última regata, que hoje se realizou em águas canadenses com um forte vento (15 nós) e ondas de mais de meio metro de altura que colocaram os alemães Huebner-Bode diante, levando-se a regata sem problemas e, portanto, uma merecida medalha de ouro. Espanha, a Espanha de Gorostegui e Millet, teve uma regata tranquila, sem envelopessaltos e colheram um confortável 5o posto final com o qual se levaram uma gloriosa medalha de prata. A Austrália ficou 4a e conseguiu tirar o bronze à URSS, com a mesma pontuação, mas melhores resultados (A Austrália ganhou a regata no 6). Os soviéticos acusaram o forte vento e a maior pressão e não tiveram sua melhor atuação, acabando a regata no posto 13o.

Imagem de Glorias Olímpicas, a foto é de Joaquín Amestoy de El País de 1976. Gorostegui e Millet à sua chegada de Montreal ao Aeroporto de Barajas em Madrid
A excelente regularidade e o magnifico bom fazer deste magnífico casal de navegantes espanhóis ofereceu, para nossa colheita, a primeira medalha então dos Jogos Olímpicos de Montreal 76, uma medalha que por bem pouco não foi acompanhada por outra que parecia segura para o medallero espanhol, a de Abascal e Benavides na classe Flying Dutchman que, após ter a medalha ao alcance da mão, uma ruptura de pau lhes privado da glória olímpica. Jane Abascal conseguiria o ouro em Tallín, quatro anos depois, tendo por casal Noguer.
Texto: Fran Ortiz (Glorias Olímpicas)
© 2024 Nautica Digital Europe - www.nauticadigital.eu