
Marítimo de Santander o mascarão de proa da vela de competição espanhola
Marítimo de Santander o mascarão de proa da vela de competição espanhola
Temos sorte, por muitos que outros pensem no contrário, de viver no norte, de poder desfrutar do Cantábrico com suas coisas boas e com as más, mas, sobretudo, de toda a costa que fica banhada pelas suas águas. Nem tudo fica o sol...
Podemos percorrer a costa e fazer parada em cada um dos portos pelo especial e diferente que podemos encontrar em cada um deles: por suas pessoas, gastronomia, hospitalidade... tudo o que podemos encontrar no lugar mais côndito da região.
Mas hoje leva tudo “a namorada do mar” como dizia Sepúlveda em uma de tantas letras de canções que dedicou a Santander: parada forçada para conhecê-la. A única cidade do norte que olha para o sul com vontade de ser banhada desde o amanhecer até o anoitecer por esse sol incansável que a torna brilhar com uma luz especial. Não podemos esquecer a baía que acaricia cada canto da cidade, suas praias, cais e portos em que pescadores, navegantes e passeantes têm seu espaço. Há imagens que não se esquecem: o antigo bonde e as redes estendidas pelo que hoje é um dos passeios mais transitados da cidade pelo que você pode percorrer desde o centro até o sardinero para ver desembocar uma das baías mais belas do mundo no Mar Cantábrico.
De tradição pesqueira e desde que S.M. a Rainha Isabel II em meados do S. XIX começasse a vir a Santander, tornou-se cidade balneária e de regatas. Algo que herdou e fomentou seu neto Afonso XIII que continuou visitando Santander junto com sua família com seus barcos ‘Hispania’ e o ‘Giralda’ e no Cantábrico encontraram seu refúgio, um refúgio de reis. Posaram as sementes sobre uma terra fértil que com o passar do tempo deu seus frutos entre cidades irmãdas por um mesmo Mar, El Cantábrico.
As regatas foram incentivadas entre os clubes do Cantábrico, que deram mais luz e vida a todas as cidades balneárias que cresceram pouco a pouco com a passagem dos anos. Para alguns convertendo as regatas em um modo de vida. E, assim, em 13 de outubro de 1927, nasceu o Real Club Marítimo de Santander que abriu suas portas e passou a se tornar uma das sociedades esportivas de mais prestígio e atividade em Espanha. Em 1928, organizaram a grande regata internacional Nova York- Santander que com grande sucesso abriu a veda, a que aconteceriam outras muitas como Santander- Cowes, Plymouth- Santander, Copa Príncipe das Astúrias ..., e começaram a escrever a história de um dos clubes mais emblemáticos e lendários.
Passada a época escura das guerras, pouco a pouco se foram perfilando novos horizontes, nos que nasceu o novo edifício e sede para o Clube, o que atualmente ocupa e foi retomando os bons momentos dos que anteriormente gozava. A regata Brixham- Santander e ao ano seguinte a disputar a Belle Ile- Santander foram as regatas que romparam a barreira internacional e de novo uniram os países mediante o esporte como antigamente. Em 1958, quase 30 anos depois, novamente organizaram a grande regata Nova York- Santander e um ano mais tarde, Cowes-Santander.
Mas nem tudo ficou no terreno internacional. A baía sempre formou parte fundamental na história do Clube, sendo nosso campo de regatas. Os primeiros veleiros que tomaram posições foram os Star e os Snipes, frotas que foram crescendo à medida que o fazia o país. A estas aulas, somaram-se muitas outras como Dragão, Finn, Dinghy, Vaurien e Optimist consequência em grande parte da iniciativa da escola de vela de El Puntal, que os parceiros impulsionaram para ensinar às novas gerações. O ressurgimento da sociedade e da economia, em 1968, Santander acolheu a Semana Naval tendo um grande protagonismo em seu desenvolvimento o Clube Marítimo, sendo motivo de halagos pela sociedade marítima.
O Clube crescia e com ele as melhorias esportivas, com cais, atraques... Que se viram novamente travadas e empanhadas por um atentado terrorista na noite de 19 de setembro de 1987 que danificou gravemente o edifício social. De novo, graças à grande família esportiva que se forjou com o passo dos anos, o Club ressurgiu e continuou com seu trabalho social e esportiva, tentando manter sua rotina e fortalecendo ainda mais sua unidade.
A Escola de ‘El Puntal’, e a grande torcida que se criou entre os jovens, sembrou boa semente e cosecho grandes sucessos entre todos eles: com o precedente das medalhas olímpicas de Montreal (1976) e Moscou (1980) numerosos atletas conquistaram copas e campeonatos de Espanha, da Europa e do Mundo, bem como grandes sucessos em navegação oceânica. Isso é consequência em grande medida das regatas que realizam todos os fins de semana, nas quais os componentes esportivo, social e competitivo são os ingredientes necessários para participar. Até o Século XXI as classes predominantes em Santander foram a de Snipe e First Class 8, acolhendo a maior parte dos regatistas de nosso clube. Mas não devemos esquecer, além das mencionadas, outras classes que fazem parte do palmarés de nossos atletas como são a classe Tornado, 470, 49er ou Cruzeiro. Atualmente, desde 2006, a frota J80 substitui o clássico First Class 8, sendo uma das mais numerosas e importantes da Espanha e em que o Marítimo conta com campeões mundiais.
Não só os atletas avalam o bom nível atual. O Clube é organizador de copas e campeonatos da Espanha e da Europa e foi organizador do Campeonato do Mundo de Snipe em 1955, de Yngling em 2004, em 2009 de J-80 e no ‘Test Event’ em 2013, a antesala do Campeonato do Mundo de Vela Santander 2014 na que congregaram durante 15 dias a mais de 1000 regatistas que puseram em jogo os postos de seus países para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Todo um acontecimento em que o Clube e a cidade se volcaram. Mas o Clube também colabora com outras atividades, como foi a recepção do regata ‘Cutty Shark’, duas edições ‘Semana del Mar’, ‘Vuelta Ibérica a Vela’, ‘Le Figaro’, ‘Trasgascogne’ e troféus de Pesca de Altura, entre outros.
Desde 2008, o Clube conta com a Escola de Regatas que se desenvolve durante todo o ano com uma equipe de 70 regatistas que treinam todos os fins de semana, podendo dedicar mais horas ao treinamento em tempo de férias das crianças. No período estival, o Clube abre sua escola de verão em que chegamos a contar com mais de 400 alunos que escolheram tanto para seu batismo de mar quanto para iniciação e aperfeiçoamento, conseguindo um fazer disso uma diversão mantendo um bom nível de educação esportiva.
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