A Colecção Portas Mosquera uma referência nacional da cartografia histórica.
A coleção Portas Mosquera mostra a obra de distintas escolas cartográficas e reúne um equilibrado conjunto de documentos dos séculos XVI ao XIX referidos tanto à cartografia corográfica quanto à náutica. Reúne em seus arquivos peças cartográfico de indubitavelmente valor especialmente da Galiza e da Península, bem como uma espetacular coleção de Derroteros, bem como das Batalhas de Rande e Elviña, complementada com muitos gravados antigos que a convertem na mais importante coleção privada a nível nacional. Criada e potenciada por Carmelo Portas e o apoio de sua esposa, supõe o esforço acumulado de muitos anos, nos quais este joyero de profissão de Torrelavega e afincado em Santiago de Compostela desde sua juventude se voltou com seu conhecimento e suas contínuas contribuições econômicas em alcançar o que conseguiu. Vem enriquecer a personalidade ao efeito de Carmelo Portas, o que é um excelente navegante e regatista de vela, tendo conseguido muitas vitórias em regatas de elevado nível em toda a Espanha, inclusive participando em Campeonatos do Mundo de Cruzeiros dentro da Equipe de Espanha.
A partir do mapa publicado por Benedetto Bordone emIsolamento(Venecia, 1528), os fundos da coleção de mapas recolhem a obra de grandes editores e cartógrafos como Metellus, Ortelius, Mercator-Hondius, Merula-Bertius, Tassin, Blaeu, Janssonius, Briet, Montecalerio, Sanson, De Wit, Mortier, Iaillot, Cantelli-De Rossi, Danckerts, Valk-Schenk, Visscher, Müller, De Fer, Robyn, Browne, Coronelli, Van der Aa, Allard, Bodenehr, Reinier-Ottens, Vaugondy, Tomás López, Nolin, Sutil, Cornide, López, Amoedo – estes quatro últimos na laEspanha Sagradade Henrique Flórez–, Philippe, Zatta, Bonne, Tardieu, Von Reilly, Carli, Cassini, Zappino ou Gussefeld, entre outros.
Do século XIX destaca a obra de Domingo Fontán que, com sua "Carta Geométrica..." impressa nas oficinas de Lemercier (París, 1845), é a referência cartográfica da Galiza desse século, sem esquecer Borghi, Lapie, Vandermaelen, Dauty e Malo, Coello ou Boronat.
Esta coleção de mapas é composta por cento noventa documentos aproximadamente e também reúne um importante número de planos de cidades e monumentos.
A cartografia náutica da coleção inicia-se com a pioneira obra de Waghenaer, um atlas que vê a luz em Leiden e Antuérpia em 1583, em cinco edições sucessivas até 1590. A primeira delas em holandês,Sphiegel der Zeevaert, contém vinte e sete cartas de Cádis para Escandinávia. A coleção conta com os onze exemplares relativos à Península Ibérica, três dos quais compõem o litoral galego. Tal foi a repercussão da obra de Waghenaer que, a partir desse momento, se sucedem as publicações de atlas de cartografia náutica nos diferentes focos europeus. Reputados editores como Blaeu, Colom, Merian, Dudley-Lucini, Goos, Ianssonium, Doncker, Theunisz, Seller, Van Keulen, Mortier, De Fer, De Wit-Renard, Bellin, Mount and Page, Kitchin ou Dezauche-Magin realizam seus próprios "zeespiegel".
Em Espanha destaca a figura de Vicente Tofiño de San Miguel, nascido em Cádiz em 1732, diretor da Academia de Guardamarinas e reputado astrônomo, que goçou da admiração dos cientistas europeus. SuAtlas Marítimo da EspanhaPode ser considerado o trabalho cartográfico de maior envergadura desenvolvido na Espanha e ponto de partida da cartografia moderna. Muitas das cartas publicadas por Le Service des Vaisseaux de la République Française e por Faden em Londres estão baseadas nas revoltas feitas por Tofiño. No século XIX, junto ao trabalho de destacados editores privados como Whittle, Gustav Klint, Luffman, Norie, Gold, Fernández Flórez, Doral, Lowry, Robiquet ou Losada, são criados organismos oficiais em todos os países, que dão lugar a um protagonismo estatal na produção cartográfica, tal como acontece com o Depósito Hidrográfico da Marinha. A obra de todos esses cartógrafos aqui mencionados contribui para que a coleção reúna um número aproximado de duzentos dez exemplares, nos quais se representa uma parte do Atlântico Norte desde Ouessant a Cádiz. Portanto, além da Galiza, aparecem de forma notória a costa portuguesa e a do Cantábrico.
Este conjunto de cartas é complementado com uma série de derroteiros desde o final do século XVII até 1900. O guia escrito para uso dos navegantes – o derroteiro, em espanhol; routier, em francês; roteiro, em português, e sailing-direction ou rutters em inglês – foi durante séculos o guia fundamental dos pilotos para dirigir aos barcos em suas singladuras e até o XV, o meio do qual dependiam losmarinos do noroeste da Europa. Desde o XVI ampliam suas informações graficamente e de forma sistemática, com vistas e perfis da costa, como eram vistos desde o mar, e, em alguns casos, com pequenos mapas da zona neles contidos para facilitar a navegação.
Le petit flambeau de la mer, de René Bougard (Le Havre, 1694) é um manual de náutica, que contém sessenta e sete cartas e foi muito utilizado nas escolas de navegação de 1684 a 1817. Esta obra recebeu seu título dos atlas náuticos de Blaeu e Ianssonius. Mais tarde é o derroteiro de Manoel PimentelArte de navegação... e Roteiro(Lisboa, 1712), dividido em duas partes. A primeira delas é teórica, enquanto a segunda, mais extensa, corresponde a uma série de derrotas de diversas partes do mundo. Na coleção também se encontraDerroteiro das costas da Espanha no Oceano Atlântico e das ilhas Açores ou Terceiras, para inteligência e uso das cartas esféricas(Madrid, 1789), do já citado Vicente Tofiño.
No século XIX, a publicação deste tipo de obras se multiplica:Sailing directions for the coasts of Spain and Portugal from Cape Ortegal to Gibraltar(Londres, 1838) eSailing directions for the bay of Biscay including the coasts of France & Spain from Ushant to Cape Finisterre(Londres, 1847), ambos do conhecido hidrógrafo britânico J. W. Norie;Derroteiro das costas de Espanha e de Portugal desde o cabo Trafalgar até o porto da Corunha(Madrid, 1867), redigido pelo capitão de fragata honorário Pedro Riudavets e Tudury;o Sailing Directions for the coasts of Spain & Portugal from Cape Ortegal to the Strait of Gibraltar(Londres, 1868), publicado por James Imray, são alguns exemplos contidos na Coleção.