A Escola Naval Militar, o pulmão de comando da Marinha Espanhola.
Recém terminada a Guerra de Sucessão, o novo rei Filipe V é plenamente consciente do papel decisivo que tanto para a Espanha como para a própria Fazenda Real desempenhavam as posses do ultramar e o tráfego comercial que geravam com a Península.
Mas uma marinha não é formada apenas por navios, mas também são necessários homens capazes e preparados que a dirijam. Até então não havia um centro específico para a formação dos oficiais e estes procediam do Colégio de Pilotos de San Telmo em Sevilha ou dos cadetes de Galeras de Cartagena.
Para manter estas posses e proteger o comércio ultramarino, era necessária uma armada poderosa, de que a Espanha estava no início do século XVIII. Daí os ambiciosos planos de construção naval que durante este século se projetaram
Para cobrir este vazio José Patiño funda em 1717 em Cádiz a Academia de Guardas Marinhas, promovendo um ensino que fusionava o modelo francês, fundamentalmente teórico, e o inglês, eminentemente prático. Os futuros guardasmarinas eram obrigados a pertencer à nobreza. Era necessário, além disso, para inserir superar um exame das quatro regras e não exceder a idade de 18 anos, embora este último requisito tenha sido obvidido em mais de uma ocasião. Para aqueles que não procediam da nobreza, mas tinham uma experiência importante como marinheiros, existia a possibilidade de renda como aventureiros. Assim o fez por exemplo Antonio de Ulloa. Esta via suprimiu-se em 1824 e a exigência de nobreza dez anos mais tarde.
O plano de estudos compreendia uma parte teórica na Academia e outra parte prática nos navios. Estudou-se Álgebra, Geometria, Aritmética, Trigonometria, Cosmografia, Náutica, Artilleria, Fortificação, Armamento, Construção Naval, Maniobra, Esgrima, Música e Dança.
Em 1751 foi nomeado capitão da Companhia de Guardas Marinhas Jorge João, então capitão de navio, que promoveu a criação do Real Observatório da Armada, ao considerá-lo indispensável para a formação dos guardasmarinas. Em 1769 a Academia se mudou para a Ilha de Leão.
Em 1776 se criam sendas Academias de Guardas Marinhas em Ferrol e Cartagena, subordinadas à de Cádiz. Ambas foram suprimidas em 1824, considerando-se superfluas e demasiado caras, mantendo-se apenas a de Cádiz.
Em 1825 a Academia é transferida de novo, desta vez para o Arsenal da Carraca, com o nome de Colégio Real e Militar de Cavaleiros Guardas Marinhas. Devido às graves dificuldades da Fazenda, o Colégio fechou-se em 1828. Em 1831, os guardasmarinas se formassem na fragata Perla e no navio soberano.
Em 1844 toma-se a decisão de criar um Colégio Naval Militar em San Carlos, frente ao Arsenal da Carraca. É inaugurado em 1 de janeiro de 1845.
Para entrar no Colégio, requeria-se um certificado de boa saúde e acreditar a limpeza de sangue, mas não a pertença à nobreza, requisito que havia sido abolido em 1834. A idade de renda variava entre os onze e os dezessete anos. Era necessário para ser admitido superar um exame onde havia que demonstrar conhecimentos suficientes de matemática, gramática, religião, geografia, história, desenho, francês e inglês.
Em 1867 fechou-se o Colégio de São Carlos, por dificuldades fazemdísticas e por considerar excessivo o número de guardasmarinas.
Dois anos mais tarde, o ministro da Marinha, Juan Bautista Topete estabelece a Escola Naval flutuante na fragata Astúrias, de pontão em Ferrol.
A Escola Naval Frotante esteve ativa até 1907, quando se suprimiu até nova ordem o ingresso na Escola Naval.
Com a Lei de Esquadra de 1908 de Ferrándiz decidiu-se a volta da Escola Naval a San Fernando, inaugurando-se em 1913. Em 1928 foi entregue o navio escola Juan Sebastián de Elcano, para que realizassem os alunos as práticas de navegação.
Durante a Guerra Civil na escola foram ministrados cursos a oficiais da Reserva Naval e a alferenças provisórias de Infantaria de Marina. Na zona republicana foi criada em Cartagena a Escola Naval Popular, de onde saíram duas promoções de oficiais.
Em 1938 decidiu-se a transferência da escola Naval para Marín, pelas condições ideais da ria para as práticas de navegação. No final da guerra iniciaram-se as obras na Escola de Tiro Naval, que acabaria se transformando na atual Escola Naval Militar, inaugurada em 15 de agosto de 1943.