
Corunha essencial na vacina da varíola: a Expedição Balmis (1803-1814)
Corunha essencial na vacina da varíola: a Expedição Balmis (1803-1814)
Entre os anos 1803 e 1814 a «Expedição Filantrópica da Varíola» distribuiu a primeira vacina da história pelo mundo inteiro. Partiu da Corunha e formaram parte da mesma sua impulsor, o alcantino Francisco Javier Balmis, a coruñesa Isabel Zendal Gómez e 22 crianças que mudaram ou mundo.
Seis anos depois do médico inglês Edward Jenner ter descoberto que os camponeses que ordeñavam vacas infectadas de varíola estavam imunizados contra seu contágio, Carlos IV dispôs a organização de uma expedição para levar a vacina às províncias espanholas da América e Filipinas, pois uma violenta praga de varíola 10maba as poboações indíxenas ficando a Coroa sem contribuintes.
A expedição dirigida por Balmis divulgou e confirmou que a imunização perfeita contra as epidemias consistia em contaminar previamente pessoas saudáveis com pequenas doses da própria praga. Dada a necessidade de manter ativo o vírus para seu transporte, o método escolhido foi uma cadeia de pessoas que levassem em seu corpo a epidemia. Assim, de braço em braço, e renovando cada dez dias os trasvases quando os grãos alcançavam seu ponto álgido, desenvolve-se uma das mais importantes contribuições da Galiza ao legado da história da humanidade.
22 crianças da Casa de Expósitos da Corunha fizeram parte da Expedição levando a vacina com eles. Outros integrantes foram: dois médicos de câmara de Carlos IV (o próprio Balmis e Joseph Salvany), dois cirurgiões, dois praticantes e três enfermeiros (uma delas a coruñesa Isabel Zendal Gómez, reitora da Casa de Expósitos). Zarparon na corveta Maria Pita do porto coruñés em 30 de novembro de 1803, para retornar à Espanha em 7 de setembro de 1806.

A acta oficial que certificou a erradicação total da varíola no mundo foi assinada no dia 9 de dezembro de 1979
Um dos grandes atores subvalorados nesta aventura filantrópica foi o médico titular coruñés Vicente Antonio Posse e Roybanes, que manteve estreita relação com Balmis durante sua estadia coruñesa nas semanas prévias à partida da Expedição, sendo determinante sua intervenção. Roybanes foi pioneiro na Galiza na propagação da vacina para mitigar a varíola, contribuindo para o lançamento da sala de vacinação do Hospital da Caridade e obtendo o reconhecimento da própria Coroa.
Quanto ao itinerário seguido pela Expedição, ao chegar a Caracas se dividiu em dois grupos: o de Balmis com Isabel Zendán, e o de Salvany. O primeiro percorreu Cuba, Guatemala e México, onde as crianças portadoras foram adotadas, para partir posteriormente com um grupo de crianças mexicanas desde Acapulco rumo às Filipinas, chegando até a costa China e retornando à Espanha prévia escala na ilha de Santa Helena. Por sua vez, Salvany navegou até Barranquilla e desde a Colômbia foi vacinando em populações do Equador, Peru e Bolívia até 1810, ano em que Salvany morreu em Cochabamba.
Já na Espanha, Balmis foi comissário pela Junta Central de Sevilha para realizar sua última viagem a Amércia (1809-13) e continuar com sua extraordinária campanha de saúde pública. Infelizmente não existem registros detalhados da expedição, pois o diário que guardava Balmis desapareceu durante o saque a sua casa perpretrado pelos invasores franceses. Francisco Javier Balmis morreu em Madrid em 12 de fevereiro de 1819.
Um trabalho da Universidade da Corunha
https://udc.gal/es/biblioteca.oza/divulgacion/exposicions/viruela/
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