Com o Milmi chegou a revolução à vela (7a Entrega)
Com o Milmi chegou a revolução à vela (7a Entrega)
Com o Milmi chegou a revolução à vela (7a Entrega)
Primeira semana de dezembro, e 20 oitava edição do Salão Náutico de Barcelona... novamente com o apoio de General Optica o Monte Real Club de Yates volta a ter um magnífico stand, no qual também nos apoia J&B com um excelente bar, que é o señuelo para atrair os regatistas e armadores, que naqueles anos tinham como ponto de ponto «encontro anual obrigado» a amostra líder da náutica espanhola.
No Salão, no que à vela se refere, sobre a mesa estava a confecção da Equipe de Espanha de Admiral’s Cup... que sempre era objeto de discussão entre os clubes de Baiona e Barcelona; não parava de falar-se da Quarter Ton Cup de Baiona, nem do surpreendente conquista de José Luis Suevos, ao organizar em Porto Portals um teste do Mundial de Motonáutica da mão do Mónaco Yacht Club e com a participação de nada menos que Casiraghi com sua "Gancia dei Gancia".
O telão, no que a vela se refere, se izava conforme ao tradicional... a colocação de longo de uma nova edição da Copa do Rei. Suevos já tinha entre ceja e ceja ganhar a Copa e empregava quase todos os seus meios para conseguir... as únicas exceções Puerto Portals, uma segunda edição da Baileys em El Puerto de Santa Maria que já não teria o esplendor de 1989 e o patrocínio do Mundial de Baiona, no qual mais que patrocínio tinha sido basicamente, um gesto de esplendidez para o Monte Real, por todo o apoio recebido em anos anteriores...
O desenvolvimento do Salão se viu emgrandecido por muitas novidades sobre a Quarter Ton Cup, que deixariam claro que seria um dos maiores level class de todos os tempos. Primeiro a Marinha Espanhola confirma em Barcelona a presença do "Cote" desenhado por Pepín González com Jaime Rodríguez Toubes à cana, e que se construiria um Judel & Vrolijk, o "Mogor", que teria uma tripulação inteiramente feminina... pois já em Marín havia "alunas" na Escola Naval.
Pela sua parte a "armada catalã", punha sobre a mesa dois bons barcos: "Up & Down" de Joquim Barens e "Boulevard Rosa" de Txiqui Mais... O canario Fernando León convencia Don Felipe e pôs em marcha o "Salao-BBV", enquanto Theresa Zabell, Vicky Fumadó e Natalia Via Dufresne "enrolaban" à Infanta Cristina no "Don Algodão".
Na verdade, ele correu um rumor como a pólvora de que as "chicas" tinham recebido uma oferta de "Princesa" para patrocinar seu navio... de uma afamada marca de roupa interior feminina... e que ao parecer tinha sido rejeitada... ainda hoje não sabemos se foi um "bulo"... mas o cachondeo foi uma realidade.
Ficou gravada uma imagem deste Salão com Zulema, a que chamei-a e disse: veem a ver o navio de Txiqui Mais... o mostré em seu stand (estava o capacete do «quarter» sem motor, sem lastre ou orza)... e eu disse que vamos tentar levantar entre os dois... Você está louco? Ele me apositou.. Vamos comigo ao mesmo tempo e você já verá... o capacete era uma caneta, apesar de seus 8 metros de eslora... era de carbono!, tínhamos entrado numa nova era para a vela de competição.
Em um dia do Salão me comentou o inesquecível Humberto Cervera «Piruchi», que estava no Salão o famoso arquiteto naval Jean Berret, que tinha conhecido em Baiona em uma General Optica... naquele momento apareceu no Stand del Monte Real, Julio Feo com sua esposa (o valenciano tinha sido o secretário pessoal de Felipe González, quando era presidente do Governo de Espanha)... Feo era habitual do North Wind "Bilite" armado por Chancho Pintos do Náutico da Corunha... com quem mantinha uma relação magnifica de amizade...
e o que mais nos surpreendeu a todos foi a simplicidade e a humildade de Feo, que era um dos personagens mais influentes da Espanha. “Eu gosto muito de 32 piés, já não digo 35 mas isso é para ricos... mas meu bolso só me dá para um 28... não acho que possa chegar a 30′′... e parece ser que acabou comprando 28... um exemplo de classe política, a daqueles anos.
Primeiro de janeiro, me chama José Luis: “Você tem que estar em Palma no dia 25... vente a Madrid no dia anterior e assim o organizamos tudo, pois nos reunimos com Mauro Ravenna que é o comodoro de Mónaco e com José Eraso... para fechar tudo... chama a Lola (que era sua secretária, guapíssima por certo) e dile o que você precisa de notas e acomodações”.
Em 25 de fevereiro era o aniversário de Zulema e tínhamos ainda que preparar para 26 uma roda de imprensa do DECA no Hotel Melia Castela... mas o trabalho mandava e ficou sozinha em Madrid e foi ela a quem o tocou montar o de Copa América e trabalhar sozinha, " naquela casa que tinha Pedro Campos em Madrid ao lado da M30, na rua Caídos da Divisão Azul... depois da minha estadia em Palma regressé raudo a Madrid e fui ao antigo escritório aneja a seu domicílio... em plena reunião chegou Arturo Delgado que era o presidente da Federação Espanhola de Vela e comentou com ironia... vá Pedro que descuidadas tem estas oficinas... chama o Milmi que é muito amigo seu... seguro que te dá uma reforma de luxo".
A "rueda de imprensa" foi um sucesso total 15 câmaras de TV!, com numerosos guarda-costas dos políticos e conselheiros... falo com Pedro Campos e digo-lhe: Assim é o protocolo... e me comenta que o Monte Real não pode estar na presidência do ato, porque estará Mendoza... Eu sugiro com firmeza que mude de estratégia, pois o contrário haverá problemas... no final cedeu e Estanislao Durán foi o que esteve ao lado de Angel Serrano, que era o Conselheiro Delegado do V Centenário, a Convenção mediante o qual entrava o primeiro apoio do Estado: 100 quilos dos daquela... e o bom de Ramón Mendoza, com o qual, por certo, cheguei a ter uma boa amizade, sentou-se sem problema algum no grupo de conselheiros do DECA.
Na primeira semana de abril se celebra um pedaço de ato em Porto Real, em Astilleros Españoles: «O prego de ouro na quilha do primeiro navio espanhol de Copa América».desde Madrid sai um avião ao completo carregado de jornalistas e famosos: desde José Luis López Vázquez a Marta Sánchez, desde Miss Espanha a Fernando García Tola... imprensa absolutamente toda, a nível nacional... políticos também, com alta representação do Consórcio do Quinto Centenário, com o ministro Yáñez al frente, Angel Serrano, Espinosa dos Monteros... todos do Governo de González.
A anedota que já a disse em alguma ocasião, o discurso de Don Felipe. No final dos anos 80, o assistente de campo do Príncipe era José Antonio Alcina del Cuvillo... e em vésperas deste ato me chamou: "Você pode me fazer umas linhas para ler Don Felipe no ato de Puerto Real?"... imediatamente me pus mãos à obra e por «fax» o enviei para Casa Real.
E o costume fez-me um mau passado, pois dizia assim: «Como presidente do Monte Real Club de Yates... (me tinha comido o de honra)»... e o cachondeo para Don Rafael, foi total: “Eu tinha que ser o Príncipe quem te tirara o posto, presi”. À noite festa em El Convento del Puerto de Santa Maria, que durou até altas horas da madrugada...
E chegamos a 18 de abril... na última planta do desaparecido Hotel Mindanao, celebra-se a apresentação oficial do Grande Prêmio de Espanha puntuável para o Mundial de Motonáutica. A hora prevista era as onze da manhã... pois a ideia era ao meio-dia viajar de Barajas para Palma de Maiorca, para organizar tudo, pois esse fim de semana era o evento.
Zulema e eu saíamos de Vigo em avião... por certo, lembro-me que o Clube me tinha dado permissão para que não me restasse ao encerramento da Regata Banco Galego que coincidia em seu final... simplesmente porque Suevos era um personagem muito importante, e a directiva do Monte Real tinha muito claro... mas aquele voo de Aviaco das 07.20 se atrasou e cheguei ao Mindanao um pouco depois das onze da manhã.
Tinham esperado por mim, pois levava os cartéis que tinham sido impressos a propósito em uma Oficina de Artes Gráficas da Guarda, bem como as pastas, dossiers... saúdei à imprensa e organiciei apressadamente a mesa presidencial do ato... disse a Milmi e a Parrado que se sentaram e me disseram que não, que o fizesse eu, representando-os.
Ali nos sentamos José Eraso director-geral de Porto Portals, o máximo responsável por L’Oreal na Espanha e chefe de marca de "Dark and Noir" e eu... começa a roda de imprensa.
Depois da salutação do patrocinador, os temas técnicos de José, me toca falar a meu... confirmo que Don Juan Carlos vai assistir à entrega de prêmios, que haverá 20 lanchas offshore em competição, que estará Adriano Panatta, Stephano Casiraghi... insistando a imprensa em suas perguntas em se assistiria Carolina de Mónaco... e uma pergunta final que me faz Juan Chaves redactor chefe de Olá! Terá algum barco espanhol?... e eu rapidamente respondi: «João em Espanha não há ninguém desta categoria de motonáutica, que é tremendamente exigente»...
Nesse momento José Luis Suevos me interrompe e diz textualmente: "Você tem que perdoá-lo, pois acaba de chegar de Vigo e não soube da última notícia... como sabem todos eu ganhei um Rallye de Montecarlo e decidi fazer casal com José Eraso e sairemos juntos em um barco italiano que me deixaram"... a saída do asturiano cabreu muito a José Eraso, que advertiu que essas conhas não gostavam e que não ia permitir nem mais... O Milmi tentou acalmar um Eraso indignado pelo seu fantasma, dizendo que só queria animar o ambiente...
E daí para Palma de Maiorca... sem tempo apenas fomos para Barajas, naquela fila do avião da Iberia me acordo como se fosse hoje... não paramos de rir da saída de Milmi, que já seria lendária e ficaria para a nossa história... uma fila em que íamos Perico Sardina, Parrado, Zulema, Marit Larsson (periodista famosíssima de Olá!) e eu.
Por um lado estávamos com um pié com o San Diego Yacht Club na Copa América... por outro da mão do Mónaco Yacht Club no Mundial de Motonáutica... o que aconteceu em Palma não tinha desperdício... mas sua história, o deixamos para a próxima sexta-feira.
(continuar)
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