
Liderado por Enrique Vilariño "Manzanita" consegue o primeiro Mundial de Cruzeiros para Espanha.
Liderado por Enrique Vilariño "Manzanita" consegue o primeiro Mundial de Cruzeiros para Espanha.
No final de 1976, um grupo de fãs da vela entusiastas liderados por Enrique Vilariño, encarregam o grande Ron Holland, no topo de sua carreira a nível internacional naqueles anos, um design que marca estilo dentro da cada mais popular e competitiva classe de "Quarter Ton" (barcos IOR de uns 8 metros de eslora com um rating level class de 18.5). Holland (que naqueles anos era o arquiteto naval number one mundial em designs de “puras sangues”) tinha muito pouco tempo sem compremeter, pois estava ultimando seus desenhos para a Admiral ́s Cup. Ele resistiu a Vilariño e seu grupo,..., mas no final cedeu e aceitou enfrentar o projeto do novo "quarter ton".

Enrique Vilariño artífice do projeto "Manzanita", recebendo da Liga Naval a Medalha de Cavaleiro do Ancla em sua categoria de prata, por seus méritos como empresário do setor naval, no qual continuou a tradição familiar como armador e consignatário de navios na Corunha, bem como por fazer possível em 1976-1977 o grande projeto "Manzanita".
Com o tempo mais que justo os moldes se fabricavam na Inglaterra e chegavam à Espanha em maio de 1977. O primeiro "Mazanita" da série foi construído em menos de um mês, e era "chevava a roupagem de Andersen", que foi para a Corunha provar as velas,... o sucesso foi tal que sobre a marcha decidia viajar para a Finlândia para participar da Quarter Ton Cup sem apenas tempo. Os trabalhos eram a destajo e em 11 de julho o navio era carregado rumo a Helsinki: uma viagem de mais de 2.000 km., o trecho final do transporte foi realizado no super-ferry «Finnjet» que atingia a friolera naquele tempo de 32 nós!.

Sortou todos, primeiro o que Henrique Vilariño convenceu Ron Holland. Depois que reunisse uma tripulação, de sonho. E por último, que conseguisse chegar a tempo,... a quarta coisa de ganhar já era ficção científica.
Se Ib Andersen o tinha convencido Henrique na Corunha, outro que se deixou liar foi o magistral Rodney Pattisson que chegava a Helsinki desde a Inglaterra acompanhado por seu homem de confiança F.D.Peter, que fez as vezes de tripulante em terra. Por outro lado, Ramón Balcels e sua esposa Ana, assim como Machaco de Llano o faziam desde Galiza. A falta de dois dias somente, Ib chegava com as velas novas,..., e a provar o "Manzanita" que surpreendeu todos pela sua velocidade.
No Mundial, um ambiente fantástico, com 53 navios em competição e 12 países diferentes, entre os quais estavam o Japão, a Argentina e os EUA, amém de muitos da Europa. Os favoritos a priori, «Fun» (EUA), «Butterfly» (Suécia) e «Z» (Finlândia),..., os espanhóis eram os candidatos à surpresa. O debu do navio espanhol o sonhador: conseguiam ser terceiros, apesar de ir de segundos toda a regata. Sendo a vitória parcial para o "Fun" americano e o segundo para "Charli Papa Due" italiano.
O segundo teste era um triângulo olímpico, e chega a machada do navio herculino, ao conseguir vencer pela frente do "Charli Papa Due" e o francês "Beret de Paulette",... os americanos não acreditavam. A regata média era a terceira, a luta foi terrível entre o "Mazanita" e um navio que parecia mais um half ton do que um "quarter", o "Butterfly" projetado por Peter Norlin (o designer dos lehgendarios Scampi). A regata supôs depois de mais 29 horas de regata,..., o "Manzanita" ganhava, cruzando a chegada apenas 40 metros pela frente de seu rival.

A imprensa espanhola seguiu com interesse o feito do "Manzanita". Valga o exemplo da ABC e do Mundo Deportivo.
Com "Manzanita" como líder, arrancava a quarta manga que era um percurso também olímpico. Rodney Pattison tinha metido entre ceja e ceja ao "Butterfly" e mandou-o marcar toda a sua regata, o que provocava que somente se conseguisse a terceira posição, por trás de "Charlie Papa Due" e "Beret de Paulette", o título mundial estava em perigo a falta de uma regata: a longa com suas 200 milhas, na que aguardava aos espanhóis uma má notícia: a baixa de Ib Andersen que se marchava para a Inglaterra para participar na Admiral ́s Cup, na qual tinha o compromisso assinado. Ele substitui a mão direita de Ron Holland: Buch.
O pouco vento a meio percorrido provoca os primeiros abandonos, quando "Manzanita" está na metade da frota,..., mas pouco começa a recuperar quando salta o vento conseguindo chegar à penúltima baliza do percurso em 8o lugar,..., continua recuperando posições para a falta de 10 milhas ocupar o 6o lugar. No final é 4o na chegada, por trás de «Fun», «Charli Papa Due» e o holandês «Balletan». A expedição espanhola é recebida em porto aos gritos de Viva Espanha!, ante a presença do embaixador de Espanha na Finlândia.
Era a maior gesta da vela pesada espanhola até esse momento. O primeiro título de cruzeiros mundiais veio para o nosso país.
Curiosidades da Quarter Ton Cup 1977:
1-«Fun» dos EUA chegou ao aeroporto de Helsínquia a bordo de um Jumbo 747 charteado ao efeito.
2-Cada vez que alguém precisava se aproximar do Clube tinha que pagar 60 pesetas, pois estava em uma ilha. Os tripulantes a armaram indignados com esta taxa sem sentido.
3-Não houve nem um dia de sol. Tudo chuva.
4-Caríssimo tudo. Era melhor imaginar que se pagava em pesetas em vez de coroas: cerveja 100 pesetas, lanche frio 200. Em Espanha, em 1977, uma cerveja custava 20 pesetas e uma bocata 50 ao máximo,...
5-A Organização de outro mundo. Fabulosa no mar se um erro.
6-As regatas média e longa entraram em águas soviéticas. Foi a primeira vez que a Rússia permitiu algo parecido. Nestas costas russas estava Tallín, que receberá a Olimpíada em 1980.
7-Muitos projetos de famosos no Mundial: Holland, Norlin, Peterson, Elvstron, Dufour, Van de Stad,...
8- 40% dos navios participantes eram de orza abatível e 60% de acasalamento 7/8.
9-«Manzanita» (casco de fibra de vidro, maistil Hensa, Velas Andersen), o «Beter de Paulette» (casco de madeira moldada a frio, maistil Z-Spar, Velas Cheret), «Butterfly» (casco de fibra com Airex, maistil Selden e Velas Horizon).
10-Os heróis do "Manzanita", Ramón Balcels, Machaco de Llano, Rodney Pattison e Ib Andersen que foi substituído pelo Butch Smith. O Jefazo, Henrique Vilariño.
Texto: Manuel Pedro Seoane
Material: Arquivo Família Vilariño
© 2024 Nautica Digital Europe - www.nauticadigital.eu