Mazarrón atesora os navios fenícios mais antigüos do Mediterrâneo

Mazarrón atesora os navios fenícios mais antigüos do Mediterrâneo

Nautica Digital Europe

Do navio chamado Mazarrón I, apenas se localizaram a quilla e algumas cuadernas e tracas

No Porto de Mazarrón, onde se localiza um considerável patrimônio histórico e arqueológico, foi descoberto entre 1988 e 1989, junto à praia da Ilha e na raiz de umas prospecções arqueológicas subaquáticas na zona pelo Centro Nacional de Pesquisas Arqueológicas Submarinas (CNIAS), um pecio ao que se associava um carregamento de materiais que o fecharia em época fenícia. Os restos desta primeira nave foram denominados Mazarrón 1, para diferenciá-los de outra embarcação similar encontrada posteriormente nas proximidades e denominada Mazarrón 2.

A escavação arqueológica da primeira nave, assumida pelo CNIAS, foi realizada entre outubro de 1993 e junho de 1995. Em 1994 localizou-se outro navio mais completo do que o anterior, Mazarrón 2, que, além disso, conservava sua carga. Entre outubro de 1999 e julho de 2000 desenvolveu-se a atuação com critérios arqueológicos deste segundo pecio.

O barco Mazarrón 2 está quase completo e conservado in situ frente à Praia da Ilha. Tem dimensões aproximadas de 8,20 m de eslora, 2,20 m de manga e um pontal máximo de 0,90 m, e seu carregamento foi constituído por lingotes de minério de chumbo. Também se localizou sua âncora de madeira e chumbo, que é a mais antiga de seu tipo (de cana, cepo e uña) aparecida até a data no Mediterrâneo.

Este pecio é considerado o navio mais completo e antigo conhecido que foi documentado no fundo do mar e a sua descoberta fornece informações valiosas e únicas sobre a técnica de construção naval fenícia e o comércio marítimo na antiguidade.

Ambos os navios deram fazer parte de uma flotilla de pequeno calado que se fez ao mar na segunda metade do século VII a.C. desde o porto de Mazarrón e pertencem ao tipo conhecido como hippos por sua terminação em prótomo de cavalo em proa e às vezes também em popa.

O segundo dos barcos fenícios, o conhecido como Mazarrón II, está quase completo e conservado in situ frente à praia de La Isla. De umas dimensões de 8,10 m. de eslora e 2,25 m. de manga, contava com a totalidade do carregamento, constituído fundamentalmente por lingotes de minério de chumbo. Também se localizou a âncora, de tipo denominado de cana, cepo e uña, sendo o exemplar mais antigo conhecido até a data no Mediterrâneo (Foto do Museu Nacional de Arqueologia)

Mazarrón 2 carregava 2,8 Tn de litargirio em lingotes circulares ou bolos, os quais se haviam colocado sobre uma camada de abarrote salvo no centro do navio onde ia um maistil móvel. Sua tripulação deve ser reduzida, e em relação a ela encontrou-se um ânfora que iria junto ao maistil na que se guardaria a água doce, além de um moinho de pedra e restos de fauna e de uma esporta de esparto. As comodidades eram inexistentes, pois ao carecer o navio de cobertura a tripulação realizaria suas atividades sobre o carregamento.

O território de Mazarrón, pelo menos desde o século VII a.C., foi testemunha de numerosos contatos comerciais entre indígenas e fenícios em seu litoral, relações que se ampliaram com o tempo para os assentamentos do interior. Mostra disso são os diversos achados realizados em vários jazimentos situados no que antigamente foi a primeira linha de costa (entre Cabeço do Faro e a desembocadura da Rambla das Moreras), em algum dos quais (Punta de Nares, Cabezo del Castellar, Punta dos Gavilanes ou Loma de Sánchez) encontrou-se cerâmica fenicia e detectado a presença de atividades relacionadas à transformação de mineral, o que os coloca em relação ao carregamento que transportava Mazarrón 2.

As embarcações fenícias da Praia de La Isla, do s. VII a.C., fornecem uma valiosa informação sobre a técnica de construção naval fenícia, dos carregamentos e do comércio marítimo... a descoberta do primeiro dos navios ocorreu em 1988, e as escavações arqueológicas de ambos se desenvolveram entre os anos 1993 e 2000, sendo realizadas pelo Centro Nacional de Pesquisas Arqueológicas Subaquáticas (Foto Ministério da Educação, Cultura e Desporto)

É muito possível que a praia da Ilha tivesse sido utilizada nessa época como fondeadeiro, embora os materiais cerâmicos ali recuperados, ânforas sobretudo, devem se relacionar com o carregamento dos pecios, em particular com Mazarrón 1. A presença de fenícios na zona demonstra as relações que estes mantinham com as comunidades indígenas, desde pelo menos o século VII a.C., com contatos comerciais no litoral e, inclusive, com assentamentos do interior, aonde acessavam através da rambla das Moreras para o vale do Guadalentín.

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO BARCO FENICIO DE MAZARRÃO

Maria Martínez Prefeito, Arqueóloga Municipal de Mazarrón. Pio Garrido Urbano, Gerente do Consórcio Turístico de Mazarrón. Francisco José Navarro Suárez, Diretor-Geral de Ligia Comunicação e Tecnologia, S.L.

Nossos Parceiros