
Douro ou o prazer da navegação fluvial sustentável em Portugal.
Douro ou o prazer da navegação fluvial sustentável em Portugal.
Desde tempos immemoriais o Rio Douro constitui um meio importante de comunicação e transporte de produtos da região, tendo sido até finais do século passado sua única via de acesso. Constatou-se a utilização deste rio e o profundo conhecimento do seu curso em documentos que datam da ocupação romana. A história do Douro reflete a evolução das embarcações e dos transportes neste rio: como a concessão de barco de passagem, as canoas de transporte feitas de alcornoque (uma centena, com seu regulamento na Prefeitura de Lamego, do século XVI). Até 1887, quando a linha ferroviária foi concluída, a via fluvial era a única utilizada. No século passado – segundo um escritor da época –"ni ruas nem estradas, nem caminhos para trotar a cavalo, permitiam seguir sem interrupções essas ribeiras acantiladas".

Os rabelos em particular e outros navios que utilizavam a via fluvial do Douro em geral foram o único veículo de transporte, até o aparecimento da ferrovia na última parte do século XIX.
A navegação fluvial era perigosa e estava cheia de dificuldades de tal modo que o Douro era conhecido como “o rio do mal navegar”. O forte declínio do rio, as curvas estreitas, as rochas salientes, os caudales violentos, as múltiplas irregularidades, os rápidos e os numerosos “saltos” ou “pontos” convertem a navegação em uma aventura trágica. O barco Rabelo foi concebido com características adequadas a este rio e especialmente para o transporte de barris de vinho, existindo referências de sua existência em documentos do século X. Os navios Rabelos, além de vinho, transportavam mercadorias em geral e passageiros. Eles se dirigiam com um grande remo a popa, o esquilo, e para sua propulsão usavam remos na baixada e uma vela grande na subida. Em caso de falta do vento, o navio se propulou “con sirga”, ou seja, a pulso, mediante cordas a partir de margens, ou sim com juntas de bueyes. Millares de Rabelos tinham e baixavam este rio (mais de 3000 alguns anos) com muito sofrimento, valor e tenacidade dos homens dessas terras. Os barris não se enchevam completamente para que pudessem flutuar, os acidentes eram frequentes.
Após o desenvolvimento das comunicações ferroviárias e rodoviárias, o tráfego na estrada entrei em declínio e em 1961 só circulavam habitualmente no rio 6 Rabelos. Entre 1961 e 1986, realizou-se o aproveitamento hidroelétrico do Douro Nacional. Através da construção de barragens foram criadas grandes barragens de águas tranquilas que proporcionaram muitas possibilidades de modernização à via navegável. Se excluirmos os períodos crecida, podemos dizer que o rio foi totalmente dominado e desapareceram as dificuldades de navegação. Em cada um dos embalses foi incluída uma esclusa, com dimensões que permitem sua passagem a embarcações de grandes dimensões (83 m de comprimento, 11,40 m de boca, 3,8 m de calado e uma capacidade de transporte de até 2500 toneladas). A Aproveitamento da Presa de Carrapatelo, a primeira obra hidrelétrica construída, em 1971, foi dotada de uma das maiores esclusas do mundo, superando um desnivelamento de 35 m. Foi a primeira obra nacional neste âmbito e representa, também por sua grandiosidade, outro marco na história da navegação pelo Douro. Mais tarde serão construídos os Aproveitamentos de Régua (1973), Valeira (1976), Pocinho (1983) e Crestuma (1986).
Foram realizados trabalhos para aumentar a profundidade e a largura do canal de navegação para favorecer os aproveitamentos hidroelétricos e foram construídos alguns cais fluviais. O porto comercial de Sardoura, com um muro de 80 metros de comprimento e 1,6 ha de terraplén, e o porto comercial de Lamego, com um muro de 160 metros de comprimento e 6,5 de terraplén, foram concluídos em 1988 e 1989, respectivamente. Em 10 de outubro de 1986, chegou a Régua a primeira embarcação turística, o «RIBADUERO». Em 19 de Outubro de 1990, foi inaugurada a via navegável, em toda a sua extensão, através de uma embarcação turística que chegou a Barca d’Alva, o «TRANSDUERO». Em 15 de Fevereiro de 1992, o navio comercial «SEA ELBE» inaugurou o porto de Sardoura e, em 7 de Abril de 1994, um navio fluvio-marítimo, o «MARAIKA», atracou pela primeira vez no porto comercial de Lamego. Em 20 de abril de 2003, o navio fluvio-marítimo "HANSA-LYON" inaugurou o porto de Várzea do Douro.
Podemos afirmar que, para a grande maioria das embarcações de turismo e lazer, o Duerno é navegável em toda a extensão da via (210 km entre Porto e Barca d’Alva). O número de turistas fluviais aumentou consideravelmente nos últimos anos. No que se refere ao tráfico de mercadorias, apesar da dificuldade importante da insegurança da situação da bocana, os navios comerciais fluvio-marítimos agora já chegam ao porto Lamego. O número destes navios que subiram o Douro também aumentou. Apesar de se basear principalmente no transporte de granito, a navegação comercial gera maisvalias significativas para a região ao tornar economicamente viável a exploração de pedreiras e criar postos de trabalho em zonas deprimidas. O Douro é considerado cada vez mais uma via navegável comercial com características internacionais e modernas. Atualmente operam no Douro 52 embarcações que oferecem uma grande variedade de ofertas turísticas que abrangem desde o passeio simples de curta duração (paseu pelas 6 pontes Porto e Gaia ou do Patrimônio Mundial) até o cruzeiro semanal Porto – Barca d’Alva em barco-hotel de luxo. Foi verificada uma tendência crescente no número de turistas fluviais. Ao longo do rio, os municípios e o IPTM – Delegação do Douro realizaram a melhoria e construção de cais turístico-fluviais dotados de infra-estruturas adequadas a um turismo de alta qualidade. Em quase todos os municípios foram concluídos ou estão executando obras com a finalidade de, por um lado, acolher os turistas fluviais e, por outro, atrair as populações da ribeira do rio.
Paralelamente à navegação turística e comercial, a navegação desportiva também sofreu um aumento significativo. Graças ao apoio do IPTM- Delegação do Douro, foram realizadas várias iniciativas no campo dos esportes fluviais, sobretudo o remo, a vela, o piragüismo e também a moto náutica. Em relação à navegação de recreio, verificou-se aumento substancial do número de passageiros, de embarcações que utilizaram as esclusas, o que se justifica pelo maior interesse que suscita o turismo fluvial e pela entrada em serviço dos novos cais dotados de serviços e equipamentos de apoio.
A via navegável do Douro está aberta, em toda a sua extensão, a embarcações de recreio de todo tipo, exceto veleros com mais de 7.20 m de maistil. O canal de navegação está balizado com boias de sinalização, com as cores regulamentares e ao longo da via existem cerca de 50 cais fluviais que permitem acolher este tipo de embarcações.
O passo das esclusas de navegação está sujeito a citação prévia no IPTM, no seguinte endereço: IPTM – Instituto Portuário e dois Transportes Marítimos Delegação do Douro Av. Sacadura Cabral – Godim 5050-071 Peso da Régua. Todas as informações necessárias para navegar no Rio Douro podem obtê-la nesta ligação:
http://www.douro.iptm.pt/ES/via_navegavel/index.aspx
Telefone: [351] 254 320 022 Fax: [351] 254 320 023
E-mail: eclusagens.douro@imarpor.pt ou geral.douro@imarpor.pt
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