
Maria Pilar Jurado: “Somos parte do setor marítimo”
Maria Pilar Jurado: “Somos parte do setor marítimo”

Maria Pilar Jurado, diretora do Departamento de Alfândegas e Impostos Especiais da Agência Estadual de Administração Tributária do Ministério das Finanças e Função Pública.
Maria Pilar Jurado, diretora do Departamento de Alfândegas e Impostos Especiais da Agência Estadual de Administração Tributária do Ministério das Finanças e Função Pública, foi convidada no pequeno-almoço organizado pelo Clúster Marítimo Espanhol (CME) no Hotel Palace de Madrid.
Sob o título de "Aduanas e impostos especiais no setor marítimo", Maria Pilar Jurado explicou a estrutura do seu departamento e como está integrado na Administração tributária espanhola, bem como suas funções, essencialmente centradas no controle do comércio.
Dessa forma, o departamento de Aduanas e Impostos Especiais persegue as atividades ilícitas, com especial ênfase na luta contra o crime organizado e os crimes fiscais. Umas funções que, por vezes, “provoca desconforto às empresas legítimas do setor, mas que são necessárias” e, como esclareceu Jurado, “não o fazemos porque gostamos, mas por defender o orçamento comum”.
Neste sentido, uma das actividades que mais inspecções tendem a sofrer e onde mais se gera mal-estar por isso é a náutica de recreio, que proporciona um benefício económico e social importante em termos de valor acrescentado bruto e geração de emprego, tal como recordou o presidente do CME, Alejandro Aznar, durante a apresentação inicial.
Aznar também fez menção à principal reivindicação desse subsector, como a necessidade de melhorar a sua fiscalidade e homogeneizar o imposto de matrícula em relação a países concorrentes. Por sua vez, Jurado salientou que “tudo o que gera negócios é bom para o país e bom para nós”, e o setor não pode derivar seus problemas ou dificuldades ao crescimento por culpa da atividade supervisora ou da fiscalidade.
O comércio e a supervisão
A metade do comércio europeu vem por mar e por isso faz todo o sentido fazer parte do sector: “somos parte do sector marítimo”, afirmou Jurado no início da sua intervenção, aproveitando desse modo para agradecer aos membros do CME a inclusão do Departamento de Alfândegas e Impostos Especiais no Clúster. “Somos uma agência fiscal e como tal, parte da cadeia do comércio marítimo”, matizou a diretora, ao mesmo tempo que defendeu a atividade aduaneira junto com a do resto de agentes que compõem toda a cadeia de valor no transporte marítimo.
Maria Pilar Jurado destacou o papel das alfândegas no mundo e na Espanha, pois o peso angariatório dessa atividade vai em função da maturidade da administração fiscal do país. “A maior desenvolvimento menor peso tem, como é nosso caso, onde o foco está posto na perseguição das atividades ilícitas”.
Neste sentido, a diretora do Departamento de Aduanas esclareceu que “a fraude é internacional, tal como os operadores económicos não são exclusivamente nacionais” e, consequentemente, a actividade do seu departamento é realizada em coordenação com outros organismos da União Europeia.
“Já não existem fronteiras, apenas as fronteiras da União -matizou Jurado -, pelo que vão da mão com agentes internacionais e a regulamentação que se aplica no âmbito aduaneiro é estritamente comunitária”. No que diz respeito ao domínio fiscal, o que foi feito é adoptar directivas totalmente harmonizadas, o que se referiu.
Outro dos aspectos destacados da sua intervenção foi a aplicação do Código Aduaneiro Unificado, que leva em vigor justo um ano. Entre suas realizações está a inclusão dos armazéns dos portos, que antes ficavam fora de controle, e o trabalho realizado em estreita colaboração com Portos do Estado e o funcionamento de Aduanas como balcão único.
Por último, e perante as perguntas por parte dos assistentes relativas a dados sobre o peso fiscal dos diferentes subsectores do mar, Jurado explicou que não eram desses dados, mas que lhe parecia muito interessante adotar essas estatísticas. Neste sentido, Alexandre Aznar também coincidiu que seria de grande importância para o setor dispor dessa informação de maneira harmonizada e oficial, pelo que Jurado assumiu a petição para seu estudo e proposta à Administração.
Além disso, também se erigiu como portadora de algumas petições dos assistentes em relação a outros temas que suscitaram dúvidas, como os sistemas de registros nos portos, esclarecendo que não eram competência de sua negociação, mas que transferiria essas preocupações.
© 2024 Nautica Digital Europe - www.nauticadigital.eu