
Cathy Foster: Uma mulher em um mar de homens
Cathy Foster: Uma mulher em um mar de homens

De esquerda para direita,Dr Phil Slater, Cathy Foster, Sir Ben Ainslie, Jim Saltonstall MBE, John Derbyshire, David Howlett. Foto: Digital Sports UK
Embora algumas mulheres participaram esporadicamente nos testes olímpicos de vela, dado o caráter misto dado pelo CIO à maioria das classes, o certo é que até os JJOO de Seul não houve um teste específico para a vela feminina, foi a classe 470. Em Barcelona 92 continuou o incremento com a entrada das classes Europe e a tabela a vela. Nos albores olímpicos quando a vela ainda tinha um papel difuso, pela indefinição das classes que deveriam ser incluídas, com caráter excepcional apareceram as primeiras regatistas na competições olímpicas. Tal é o caso de Frances Clytie que junto ao seu marido, Charles Rivett-Carnac, conseguiram a medalha de ouro na categoria de 7 metros nos JJOO de Londres 1908 ou da francesa Virgine Heriot, conhecida como “a dama do mar”, que em Amsterdã 1928 foi campeona olímpica na categoria de 8 metros com o “Aile VI” que ela mesma tinha desenhado.
Em sua 42 Sessão, realizada em Londres em 1948, o CIO autorizou a modificação da regra 41 de sua carta olímpica pela qual se determinava que as mulheres podiam ser aceitas nas competições de vela olímpica formando parte de tripulações mistas. A partir dos JJOO de Helsinki 1952 começaram a aparecer alguns regatistas como integrantes de tripulações mistas, mas em nenhum caso chegaram ao podium. No entanto, quando a incorporação de provas femininas ao programa olímpico já era um fato iminente, nos JJOO de Los Angeles 1984 deu-se um caso excepcional. Na sétima e última regata da classe 470 impôs-se a tripulação da Grã-Bretanha que com caráter misto formavam Peter Newland e Cathy Foster. Esta circunstância significou a primeira vitória de uma mulher em uma regata olímpica disputada por 28 embarcações masculinas, neste caso 27, já que os espanhóis Luis Doreste e Roberto Molina virtuais campeões olímpicos já não tomaram parte na mesma.
Cathy Foster foi a primeira mulher que se pôs à cana de uma embarcação olímpica após a 2a guerra mundial. Como regatista conquista dois títulos mundiais e outros 17 a nível europeu e nacional. Pessoa muito comprometida com a vela após deixar a competição colaborou, durante mais de duas décadas, em vários comitês da ISAF, esteve vinculada a equipe de vela paralímpico da Grã-Bretanha e, fruto de sua longa experiência, se especializou em assessorar mediante as técnicas do coaching a regatistas de alta exigência competitiva. Neste aspecto, tem assessorado regatistas da Grã-Bretanha, Espanha, Holanda e Israel, muitos dos quais conseguiram o pódium olímpico (9 ouros 2 pratas e 1 bronze), entre eles Fernando Echevarri, que junto com Anton Paz ganharam em Pequin 2008 o ouro na classe tornado, ou o mais laureado dos regatistas olímpicos Ben Ainslie ( 4 ouros e 1 prata) que aponta que “Cathy foi determinante no momento de ajudá-lo a fazer a transição de sua etapa de formação à vela olímpica”. Cathy Foster foi distinguida em duas ocasiões, 2004 e 2006, com o Prêmio Mulher e Desporto do CIO que anualmente desde 2000 concede sua comissão Mulher e Desporto, em reconhecimento à sua destacada personalidade esportiva.
Texto: Juan Manuel Surroca
http://elmarcadordejmsurroca.blogspot.com
@SurrocaJM
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