Os resultados obtidos podem contribuir significativamente para a recuperação das populações e para a sustentabilidade da pescaria desta espécie emblemática que alimenta as populações do Mediterrâneo há milénios.

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Valência (UPV) e do Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO) desenham um sistema automático de contagem para estimar o número e peso dos atuns vermelhos capturados pela frota de pesca. Este sistema, que aplica as últimas tecnologias em acústica e imagens 3D, diminui em 20% a margem de erro dos conteos. As últimas tecnologias são colocadas ao serviço da sustentabilidade das espécies marinhas. O sistema, concebido no âmbito do projecto europeu BIACOP, diminuiu 20% a margem de erro em biomassa dos actuais sistemas de estimativa das quotas de pesca estabelecidas pela Comissão Internacional para a Conservação do Atún Atlântico (ICCAT). O desenvolvimento combina sistemas de medição acústica para o conteo e de visão estereoscópica para obter medidas 3D dos atuns.

Segundo a equipe de pesquisadores:«Allí é realizada a transferência de atuns de umas gaiolas para outras. Cada empresa tem atribuído um número de navios e, cada navio, uma quantidade de atuns que pode pescar. A ideia é que só se capture e se transfira às gaiolas de engorda a quantidade de atum rabilho autorizado”... Até agora, o conteo de atuns durante a transferência das gaiolas de cerco às gaiolas de engorda o realizava um operador com um software básico e manual...“Isso fazia com que as margens de erro fossem mais altas e que se produzssem sobre ou subestimações em muitas ocasiões, especialmente porque as imagens também reportavam situações de baixa visibilidade para o operatório”.

No âmbito do projecto BIACOP, foi desenvolvido um sistema de medida da biomassa em transferências entre gaiolas de atum rabilho através de técnicas acústicas e ópticas. É baseado em um sistema sincronizado de câmeras de vídeo e ecosonda científica. O projeto foi coordenado pelo diretor do Centro Oceanográfico de Múrcia do IEO Fernando da Gándara e financiado pelo Programa de Controle da Actividade Pesquera da União Europeia.

Para realizar as medições, foi construída uma instalação fabricada com materiais similares aos das fazendas marinhas, que se instalou entre as duas gaiolas. Durante a transferência de atuns, o sistema de medida de câmaras estereoscópicas desenvolvido pelo Instituto Ai2-UPV filmava os peixes, reportando medidas 3D de talhas; e um sistema de cortina acústica baseado em uma ecosonda científica e um transdutor ultrassônico, desenhado por pessoal do IGIC, recogia, por sua vez, informações dos ecos dos peixes, facilitando o conteo. Com os resultados obtidos, desenvolveu-se software que, ao combinar os dados acústicos e de visão, deram como resultado conteos com uma margem de acerto de 95% e estimativas de biomassa muito mais precisas do que as obtidas com as medições tradicionais.